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Veja a íntegra da entrevista exclusiva com o ex-presidente Temer

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5 de março de 2020, 14h40

Na quarta entrevista da série da TV ConJur, que já apresentou o ex-presidente Lula, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, e o advogado Sérgio Bermudes, o ex-presidente Michel Temer, em quase 1 hora de conversa, falou do ex-PGR Rodrigo Janot, das reformas de seu governo, sobre a criação da figura do juiz das garantias, da autonomia do Ministério Público, da pena antes do trânsito em julgado, da Constituição de 1988, entre outros temas.

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Em um dos trechos mais duros da conversa, disse sentir pena da figura de Janot, que divulgou à imprensa uma edição feita a partir de uma gravação do empresário Joesley Batista. "Tenho pena. Confesso a você quando vejo a figura do ex-procurador-geral, os azares da vida dele, em função daquele ato homicida-suicida, e outros tantos."

O emedebista disse também não ver motivos no embate para a criação da figura do juiz das garantias, principalmente entre membros da própria classe. "Porque, se necessário for, tem que ampliar o número de juízes. Quanto mais julgadores você tiver no país, tanto melhor. E a ideia do juiz das garantias é meio que o óbvio: aquele que vai julgar é aquele que não esteve envolvido emocionalmente com a questão."

Sobre o julgamento mais aguardado do ano passado, sacramentado pelo voto do ministro Dias Toffoli, em 7 de novembro, quando o STF derrubou a possibilidade de prisão em segunda instância, Temer afirmou que "a literalidade do texto constitucional é muito forte".

"A Constituição diz que só será considerado culpado após o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Então, quando a literalidade é muito forte (…), não há o que interpretar."

Sobre o suposto embate entre "punitivismo" e "garantismo", disse considera tudo isso um "absurdo". "O que o Judiciário tem que fazer é aplicar a Constituição. Se é para punir, pune. Se é para garantir, garante."

E continua: "Não é tese psicológica, ideológica de cada ministro. Isso é desprezo, mais uma vez, pelo texto constitucional". "Reduzir a estatura, a dimensão extraordinária do STF, com ataques a seus membros, é ruim para a segurança jurídica do país".

Sobre a Constituição de 1988, quando teve um papel ativo como parlamentar, disse ter trabalhado para que o Ministério Público tivesse independência funcional. "Funcionalmente, ninguém pode se meter lá, nem o Executivo, nem o Legislativo, nem o Judiciário. Funcionalmente quer dizer funções de natureza administrativa e jurídica."

Ao longo dos anos, porém, disse ter visto que a tese da independência funcional funcionou também como independência individual. "Então cada membro do Ministério Público não se submete ao princípio da hierarquia, digamos assim, não se submete ao procurador-geral da República."

Veja o vídeo com a íntegra da entrevista:

Ou clique aqui e aqui para ler as transcrições.

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