Defesa da Democracia

Não devemos ter nenhuma saudade do regime militar, diz Gilmar Mendes

Autor

1 de março de 2020, 16h22

O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes classificou o período de ditadura militar no Brasil como "lamentável" e disse que "não devemos ter nenhuma saudade do regime militar". "Não há saída fora da democracia. As reformas têm que ser feitas dentro desse ambiente", completou.

Nelson Jr./SCO/STF
As declarações foram dadas em entrevista ao jornal Correio Braziliense. Gilmar Mendes defendeu a democracia e a Constituição de 88, apesar de reconhecer que a Carta precisa ser aperfeiçoada. Ele também defendeu a atuação do STF e disse que a Corte tem discutido temas relevantes para o país. O ministro evitou entrar em temas polêmicos relacionados ao presidente Jair Bolsonaro, como a convocação de protestos contrários ao Congresso e ao STF.

Porém, fez duras críticas ao motim de policiais no Ceará, o que é proibido pela Constituição. "A politização das polícias é um problema, e temos que olhar para isso. O Supremo já se manifestou mais de uma vez sobre a proibição das greves. Como também não se pode aceitar qualquer politização das Forças Armadas. As Forças Armadas são instituições do Estado, não podem estar a serviço de partido político", afirmou.

O ministro afirmou que o Brasil não pode mais perder oportunidades e defendeu a conciliação entre os Poderes. "Também não podemos acender o isqueiro ou fósforo para saber se tem gasolina no tanque, porque a gente já sabe a resposta. Então, acho que, se alguém apostar em disrupção, ruptura, certamente haverá resistência das instituições. Obviamente, temos um compromisso com a democracia", disse.

Para Gilmar Mendes, há uma espécie de "parlamentarização do impeachment" no país, isto é, quando o presidente perde apoio no Congresso, passa a ser suscetível a um processo de impeachment. "De exceção, tornou-se quase uma regra", disse o ministro, que completou: "O impeachment, nós sabemos, é uma bomba atômica em termos institucionais. No presidencialismo, existe para não ser usado".

Sobre a intenção de Bolsonaro de indicar um ministro "terrivelmente evangélico" para a cadeira de Celso de Mello, que se aposenta em novembro deste ano, Gilmar foi claro: "O importante é que seja um terrível constitucionalista".

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!