Big brother da Stasi

Alemanha Oriental criou escola de Direito de fachada para vigiar sociedade

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24 de maio de 2020, 14h25

A partir da criação da Alemanha Oriental, em 1950, o Ministério para Segurança Estatal (Stasi) atuou para se manter no poder com esforços da polícia secreta. Nesse sentido, incluíram uma Escola Superior de ensino em Potsdam, cidade próxima a Berlim, para treinar parte de seus funcionários.

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A Alemanha Oriental existiu de 1950 a 1990
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Segundo reportagem distribuída pela britânica BBC no Brasil, cerca de 30 mil funcionários da Stasi passaram pela Academia de Direito em Potsdam — e outras instituições afiliadas.

O nome, usado a partir de 1965, servia como uma fachada, pois o currículo jurídico era limitado e o foco era o treinamento ideológico e técnicas operacionais/vigilância para chefes de unidades da polícia secreta.

Ainda assim, a escola formou mais de 400 doutores e milhares de graduados com título de Diplom-Jurist, algo como um diploma de advogado.

Os alunos da academia eram parte de um dos aparatos de vigilância mais sofisticados da história, usado pela Stasi durante 40 anos para controlar todos os aspectos da sociedade alemã oriental e seus cidadãos.

Algumas de suas dissertações ainda geram polêmica na Alemanha reunificada, pois retratavam técnicas de interrogatório a opositores e formas de derrubar dissidentes.

Quando a Stasi foi dissolvida, em 1990, tinha 91 mil empregados e 189 mil colaboradores não oficiais — em grande parte, civis recrutados para espionar colegas de trabalho, amigos e familiares.

Naquele ano, com a reunificação da Alemanha, os diplomas da Academia da Stasi foram reconhecidos e os títulos de doutorado mantidos (e usados até hoje, embora muitos ex-membros da Stasi estejam aposentados).

Não foi permitido, contudo, que ex-estudantes com o Diplom-Jurist atuassem como advogados, pois os seus diplomas não equivaliam ao de um curso de Direito.

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