Conflito de interesse

Promotores dos EUA serão investigados por não processar amigos

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13 de maio de 2020, 13h13

O procurador-geral do estado da Geórgia, nos EUA, anunciou na terça-feira (12/5) que o Birô de Investigações do estado e agentes federais vão investigar dois promotores que deixaram de investigar e processar dois suspeitos de homicídio, porque eles são ex-colegas de trabalho e amigos.

A promotora Jackie Johnson e o promotor George Barnhill tinham, obviamente, uma razão sólida para se declararem impedidos de investigar e processar os réus: conflito de interesse. Mas só vieram a fazer tal declaração agora, quando a investigação contra eles foi anunciada — dois meses e meio após a data do homicídio (23 de fevereiro).

Em quase todo esse período, o caso ficou em banho-maria. O processo só se movimentou porque um cidadão havia filmado o acontecimento e o vídeo viralizou nas redes sociais, provocando grandes protestos da população.

Até então, a polícia vinha tocando a investigação do homicídio como um caso de legítima defesa, baseando-se na palavra de um dos suspeitos, que é um ex-policial e trabalhou, até pouco tempo, como investigador da promotora Jackie Jonhson.

O vídeo mostrou que Gregory McMichael e seu filho Travis McMichael, que são brancos, perseguiram, confrontaram e deram três tiros em Ahmaud Arbery, negro de 25 anos. Arbery estava correndo em um bairro da cidade de Brunswick, para se exercitar.

Os McMkchaels o mataram porque suspeitaram que ele era um ladrão em fuga. Disseram à polícia, que até recentemente aceitou a história, que o filho foi atacado por Arbery e que ele atirou em autodefesa.

Ambos só foram presos e denunciados na semana passada, quando o procurador-geral do estado nomeou para cuidar do caso uma promotora negra, de Atlanta. A promotora Joyette Holmes é uma profissional respeitada por sua experiência como advogada e juíza, diz o jornal Daily Mail.

Autoridades federais vão investigar se o homicídio pode ser qualificado como crime de ódio, devido a estereótipos étnico-raciais ainda existentes no país.

Presos, os réus terão de esperar na cadeia até junho pela audiência preliminar, por causa da pandemia de coronavírus.

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