Opinião

A crise da democracia liberal — demagogia x populismo

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29 de janeiro de 2020, 6h04

Em muitos aspectos, na Europa atual, as monarquias européias vêm se preservando muito mais se comparadas às repúblicas democráticas do continente. Particularmente, no que alude à nefasta ação da demagogia política, bem ilustrada pela infiltração (consentida e, muitas vezes, até mesmo incentivada em nome de “pretensas” concepções democráticas) de povos de outras nacionalidades. Estes, muitas vezes, inclusive, dotados de valores frontalmente contrários aos da tradição judaico-cristã (e até mesmo do próprio regime democrático). Seria, portanto, o principal motivo da grave crise que assola as democracias liberais, notadamente na Europa.

Não por acaso, segundo a ponderada opinião de vários cientistas políticos, é nítida a forte reação populista observada em vários países europeus, sobretudo em repúblicas democráticas, como a França e a Alemanha, em relação à política demagógica, de suposta feição humanística, concernente em abrigar, em larga escala (e sem qualquer critério  “transparente”) imigrantes, outorgando-lhes cidadania plena.

Afinal, é uma constatação que cada vez são observados menos franceses nos subúrbios de Paris (e mesmo no centro da capital), menos alemães nas principais cidades germânicas, como Berlim e Frankfurt, e assim por diante.

Como natural consequência, em 2017, cerca de metade dos franceses votou em partidos populistas nas eleições presidenciais, posto que não há mais como persistir na narrativa tradicional que nega o evidente  fracasso do projeto de construir uma Europa que não somente preserve seus valores (respeitando seus cidadãos), mas que também possa inspirar, como no passado, o próprio mundo.

É conveniente lembrar que a nação pode ser constituída de vários Estados (exemplo: a grande nação muçulmana). Por outro lado, a nação pode estar contida em apenas um Estado (exemplo: a nação basca na Espanha). De qualquer forma, a nação é, de modo geral, gérmen que dá origem ao Estado, como foi o caso da Itália antes da unificação, sendo certo que nenhuma nação pode sobreviver sem um povo que compartilhe dos mesmos ideais e valores, bem como (e ainda mais grave), permitindo prover — sem qualquer critério histórico cultural —, pretensa nacionalidade (e cidadania plena) a grupamentos humanos. Estes, inclusive, desejam (confessadamente) destruir os próprios valores em que se funda a própria nação. E, mais grave, sequer conseguem se expressar minimamente na língua do país anfitrião.

Assim como na gramática, o adjetivo não pode existir sem o substantivo; consequentemente, a democracia não pode viver sem a prévia ou concomitante existência da nação, na exata medida em que não pode haver nação democrática se inexistir a própria nação.

Vale advertir que a demagogia (como muito bem assinalou Aristóteles) é muito poderosa em construir narrativas divorciadas da realidade factual.

Portanto, não é muito difícil de se entender a reação populista que se alastra pela Europa, e que se desenvolve através do protagonismo de Viktor Orbán (na Hungria) e de Matteo Salvini (na Itália), na força de Marine Le Pen (na França) e dos Partidos Políticos AFD (na Alemanha), FPÖ (na Áustria) e PiS (na Polônia), bem como do próprio movimento de saída do Reino Unido da União Européia (Brexit). A própria vitória eleitoral de Donald Trump no Novo Continente também é parte desse contexto, posto que, como afirma a sabedoria popular, “as visitas são sempre bem-vindas, porém visitantes não se confundem com integrantes de nossas famílias”, pois não compartilham (necessariamente) dos mesmos valores (e tradições), o que naturalmente os impede de morar nas nossas casas de forma definitiva, através de uma espécie de “adoção forçada”.

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