Trampo Justo

Premiado pelo Innovare, projeto busca emprego para jovens abrigados

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15 de janeiro de 2020, 11h14

Viver a infância e adolescência em um abrigo é um desafio enfrentado por mais de 45 mil crianças no Brasil. Se não conseguem ser inseridos em uma nova família por meio da adoção, os jovens têm de deixar as instituições de acolhimento quando completam 18 anos. Pensando em oferecer condições para dar autonomia a esses adolescentes, o juiz Iberê Dias , da Vara da Infância e Juventude de Guarulhos (SP), criou o projeto Trampo Justo. A iniciativa foi vencedora da 16ª edição do Prêmio Innovare na categoria “Tribunal”.

Nelson Jr./SCO/STF
Dexter, ministro Dias Toffoli e o juiz Iberê Dias, durante premiação do Innovare Nelson Jr./SCO/STF

Iberê desenvolveu a ação com o objetivo de garantir a inserção no mercado de trabalho de jovens prestes a atingir a maioridade.  Com essa idade, por lei, eles são considerados independentes e são obrigados a sair dos abrigos.  “A grande palavra do projeto é autonomia. A gente viu a necessidade de chamar a atenção dos empregadores e da imprensa para a questão e sensibilizá-los dessa necessidade, pois é uma forma de aprimorar o tecido social”, explica o juiz. O projeto é desenvolvido em parceria com o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE).

Lançada em fevereiro deste ano, a proposta visa sensibilizar possíveis empregadores e divulgar a prática afim de incentivar a concessão de vagas de emprego para os jovens. Até o fim de 2019, cerca de 60 adolescentes já estavam empregados por meio do projeto, que busca ainda obter bolsas de estudo universitárias para promover capacitação profissional.

Atualmente, em São Paulo existem 665 casas de acolhimento que abrigam 8 mil jovens. Segundo Iberê Dias, quase 2 mil já tem mais de 14 anos, e podem ser aprendizes, e cerca de 50 alcançam a maioridade todos os meses. Além de dialogar com o empresariado, Trampo Justo busca conscientizar os adolescentes promovendo palestras ministradas por personalidades que tenham as mesmas vivências que eles, como o rapper Dexter, um dos principais parceiros do projeto.

“Queremos conscientizar a molecada da importância de conseguir trabalho. Eles precisam entender que têm direitos e podem sonhar. Por isso, convidamos o Dexter para dialogar com esses adolescentes” conta Iberê Dias.

O rapper é ex- presidiário e iniciou sua carreira enquanto ainda estava preso no Carandiru em 2000. Deixou a prisão em 2013 e hoje é engajado em conscientizar os jovens da periferia sobre a realidade do mundo do crime, por meio das suas músicas, além de participar de diversos projetos sociais voltados para essa questão.

Sobre os resultados e desafios do projeto, o juiz ressalta a visão empresarial voltada exclusivamente para a maximização do lucro e o preconceito contra os adolescentes, além disso, o momento de crise que o país enfrenta torna o desafio ainda maior. “É bem animador, mas ainda temos alguns adolescentes que precisam de emprego” afirma. Com informações da assessoria de imprensa do CNJ.

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