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Casos de assassinos em série estão em declínio nos EUA e no mundo

20 de dezembro de 2020, 12h32

Por João Ozorio de Melo

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O número de assassinos em série (serial killers) subiu progressivamente dos anos 1900, quando havia 72 deles (49 só nos EUA), até a década de 1980, quando atingiu o pico de 985 (768 nos EUA). Da mesma forma, ele vem decaindo, também progressivamente: na década de 2010, foram conhecidos apenas 230 serial killers (117 nos EUA, 113 em todos os outros países).

Divulgação/Lions Gate Films
Divulgação/Lions Gate FilmsCena do filme Psicopata Americano, cuja ação se passa em 1987, durante o pico de registros de serial killeres no mundo

O ano de pico foi 1987, quando os EUA lidavam com 198 assassinos em série. Esse número caiu para 43 em 2015 e para apenas dois em 2019, segundo estatísticas provenientes do banco de dados da Radford University e da Florida Gulf Coast University.

Um relatório com esses dados, que acabou de ser divulgado pelas universidades, informa que a definição de assassinato em série é a usada pelo FBI desde 2005: "o ato de matar ilegalmente duas ou mais vítimas, perpetrado por um mesmo criminoso, em eventos separados".

Na década de 1900, 62,5% dos assassinos em série eram homens e 37,5% eram mulheres. O número de homens cresceu progressivamente. Na década de 1970, 94,5% eram homens e apenas 5,5% eram mulheres. Na década de 2010, 93% eram homens e 7% mulheres.

Em outros países do mundo, houve uma inversão progressiva no percentual de assassinos em série por sexo. Na década de 1900, 39,1% eram homens e 60,9% eram mulheres. Na década de 1970, 94,4% eram homens e apenas 5,6% eram mulheres. Na década de 2010, 92% eram homens e 8% eram mulheres.

Em termos de raça, o número de assassinos em série, no período de 1900 a 2019, era o seguinte: 53,7% eram brancos, 39,8% negros, 6,7% latinos, 0,9% asiáticos e 1% índios. Na década de 1900, 72,9% eram brancos, 25% negros e 2,1% índios (nenhum latino ou asiático). Na década de 2010 isso mudou: 30,8% eram brancos, 59,8% negros, 8,5% latinos e 0,9% asiáticos (nenhum índio).

O perfil mais comum do assassino em série, no período de 1900 a 2019: homem branco, na faixa etária de 20 a 30 anos.

Em termos de motivo dos assassinatos: por prazer de matar (36,86% no mundo, 31,76% nos EUA); ganho financeiro (29,59% e 30,14%); raiva (16,38% e 18,07%); múltiplos motivos (8,06% e 9,81%); atividade de gangue (4,83% e 6,30%), para evitar prisão (1,15% e 1,39%), cultos (0,94% e 0,73%); conveniência (1,12% e 0,63%); alucinações (0,59% e 0,66%), chamar a atenção (0,49% e 0,50%).

Os métodos comuns de matar são, pela ordem: tiro, estrangulamento, esfaqueamento, pancada, envenenamento e bomba. Mas as combinações de alguns desses métodos é alta. A maior parte dos assassinos em série matou mais de cinco pessoas, seguidos dos que mataram duas, três, quatro e cinco.

Assassinos em série por país

País

Quantidade

% do total

% da população do mundo

Coeficiente

EUA

3.204

67,58%

4,35%

15,53

Inglaterra

166

3,50%

0,71%

4,92

África do Sul

117

2,47%

0,74%

3,34

Canadá

106

2,24%

0,49%

4,59

Itália

97

2,05%

0,80%

2,55

Japão

96

2,02%

1,70%

1,19

Alemanha

85

1,79%

1,08%

1,66

Austrália

81

1,71%

0,33%

5,23

Índia

80

1,69%

17,81%

0,09

Rússia

73

1,54%

1,93%

0,80

França

71

1,50%

0,87%

1,72

China

57

1,20%

18,56%

0,06

México

37

0,78%

1,73%

0,45

Brasil

27

0,57%

2,81%

0,20

Áustria

22

0,46%

0,12%

4,03

Hungria

20

0,42%

0,13%

3,20

Espanha

17

0,36%

0,62%

0,58

Polônia

15

0,32%

0,52%

0,61

Escócia

15

0.32%

0.07%

4.45

Países Baixos

12

0.25%

0.23%

1.11

Suécia

12

0.25%

0.13%

1.91

Os números não correspondem inteiramente à realidade, segundo os sites Atlantic e Discover, porque nem todos os homicídios são solucionados. Dados de 2017, por exemplo, indicam que a polícia resolveu 61,6% dos casos nos EUA. Ou seja, 38,4% dos casos ficaram fora das estatísticas — e não se sabe quantos deles foram assassinatos em série.

Razões do declínio
De qualquer forma, o fato é que o número de assassinos em série no mundo está em declínio. Para provar isso, há estatísticas. No entanto, para explicar as razões do declínio, há apenas especulações. A Discover entrevistou autoridades no assunto, que não dispunham de estudos, mas tinham suposições.

Uma delas é a de que ficou mais difícil para os criminosos se tornarem assassinos em série, por vários motivos, como: aumentou a eficiência da polícia, que agora dispõe de melhor tecnologia para coletar dados, compará-los e rastrear crimes em série; e as provas de DNA, que facilitam a identificação do criminoso.

Outra suposição é a de que as pessoas têm se tornado mais precavidas, são protegidas por câmeras de seguranças por todos os lados e dispõem de celular e GPS que ajudam a levantar suspeitas e localizá-las —consequentemente, localizando o criminoso. As crianças estão menos vulneráveis porque os pais estão tomando mais cuidados.

As penas de prisão são mais longas e a liberdade condicional mais difícil, o que reduz o número de casos e também desestimula os possíveis assassinos.

Uma observação: o número de assassinos em série está em queda, mas o número de "assassinos em massa" está em alta. No entanto, as motivações para um crime ou outro são bem diferentes.