Eleições 2020

Vitória de Biden no Colégio Eleitoral não tranquiliza os EUA

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15 de dezembro de 2020, 12h32

O presidente-eleito dos EUA, Joe Biden, ganhou 306 votos no Colégio Eleitoral contra 232 do presidente Donald Trump – 74 votos a mais que Trump, 36 votos a mais do que precisava para ser eleito. Porém, isso não significa que, finalmente, a disputa está encerrada e o país vai encontrar paz para uma transição tranquila de poder.

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ReproduçãoVitória de Joe Biden ainda está sob questionamento do perdedor, Donald Trump

Nesta segunda-feira (14/12), o conselheiro de Trump Stephen Miller declarou, em entrevista à Fox News, que a luta continua. Trump e seus aliados continuarão a contestar o resultado das eleições nas cortes. E desenvolveram uma nova estratégia: as Assembleias Legislativas de alguns estados-chave, onde Trump perdeu, estão criando um colégio eleitoral alternativo.

Eles vão nomear delegados republicanos para esse colégio eleitoral alternativo, que irão votar em Trump para presidente. O resultado será enviado ao Congresso que se reúne, em sessão conjunta, em 6 de janeiro, para conferir os votos do Colégio Eleitoral (o válido) e declarar o vencedor da eleição de 3 de novembro.

Se, até lá, conseguirem reverter ou anular os resultados de alguns desses estados, o poder de eleger o presidente seria transferido para as Assembleias Legislativas, cujos delegados alternativos votaram em Trump. A Constituição dos EUA não prevê a existência de tal colégio eleitoral alternativo, segundo o The Hill.

Trump continua insistindo, mesmo depois da votação do Colégio Eleitoral, que as eleições foram fraudulentas (apenas em alguns estados em que ele perdeu), roubadas pelo Partido Democrata. E que, na verdade, ele venceu a eleição para presidente. E fez campanha para interromper a contagem, enquanto elas estavam em andamento.

Uma grande parte da base eleitoral de Trump acredita nisso. E, por isso, tem ido às ruas para protestar. Algumas manifestações terminaram em atos violentos. E os delegados do Colégio Eleitoral, escolhidos pelo Partido Democrata, tiveram de se reunir sob forte proteção policial.

Desde que perdeu a eleição em 3 de novembro, Trump e seus correligionários vêm fazendo o que podem para tentar reverter o resultado das eleições. Só na via da Justiça, eles moveram 60 ações. Foram 59 derrotas, algumas delas humilhantes, e apenas uma vitória que, no quadro geral, foi irrelevante.

Das 59 derrotas, 38 foram impostas por juízes federais nomeados por presidentes republicanos – alguns deles pelo próprio Trump, segundo o Washington Post. Um exemplo foi a decisão do juiz federal Brett Ludwig, nomeado por Trump, que trancou uma ação movida em Wisconsin pela campanha do presidente.

“O presidente, que perdeu a eleição, pediu a esse tribunal federal para ajudá-lo a colocar de lado o voto popular, com base em disputas sobre a administração da eleição, questões que ele poderia perfeitamente ter levantado antes da votação. Esta corte lhe deu a chance de apresentar seu caso e ele perdeu nos méritos”, escreveu o juiz.

Outro exemplo foi a decisão do juiz Stephanos Bibas, também nomeado por Trump, que rejeitou uma ação movida na Pensilvânia: "Acusações de injustiça são sérias. Mas dizer que uma eleição é injusta não a torna injusta. Acusações requerem alegações específicas e provas. Não temos qualquer das duas aqui", ele escreveu.

Esperava-se que, com a vitória de Biden consumada no Colégio Eleitoral a disputa estaria encerrada. Finalmente, Trump e aliados iriam jogar a toalha. Mas, ao que parece, isso não vai acontecer.

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