Massacre do Carandiru

Ivan Sartori é sondado para ser o novo ministro da Justiça de Jair Bolsonaro

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25 de abril de 2020, 11h09

O ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e desembargador aposentado Ivan Sartori tem conversado com interlocutores do governo federal desde sexta-feira (24/4). Segundo a ConJur apurou, Sartori e o presidente Jair Bolsonaro conversaram sobre a indicação à vaga de Sergio Moro por teleconferência.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública era ocupado até então pelo ex-juiz Sergio Moro, que anunciou seu pedido de demissão após denunciar interferência política de Bolsonaro na troca de comando da Polícia Federal.

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Sartori, pré-candidato à Prefeitura de Santos, ficou conhecido por ter sido relator do julgamento dos policiais militares envolvidos no massacre do Carandiru, evento que culminou com a morte de 111 detentos no maior presídio da América Latina, em 1992.

O desembargador votou pela absolvição de todos os envolvidos no caso, sendo alvo de críticas de entidades defensoras dos direitos humanos. Na época, disse que "não houve massacre, houve legítima defesa". Ele foi investigado no Conselho Nacional de Justiça por seu voto. Diante da repercussão negativa, Sartori recebeu manifestações de apoio de seus colegas.

Sartori se aposentou do TJ-SP em março do ano passado. Foi eleito presidente do tribunal em 2011 e exerceu o mandato do início de 2012 ao fim de 2013. O magistrado aposentado já havia tentado chegar ao cargo quatro anos antes, mas foi barrado pela Lei Orgânica da Magistratura, que determina a antiguidade como critério de elegibilidade para a direção dos tribunais.

Sua presidência não foi livre de polêmicas. Em 2016, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça rejeitou queixa-crime contra Sartori por crimes contra a honra, difamação e injúria. A ação foi ajuizada pelo advogado Marcos Alves Pintar, que fora chamado de "notório detrator do Judiciário" pelo desembargador após apresentar um Pedido de Providências ao CNJ para não permitir que Sartori tentasse a reeleição.

Outras conversas
O jurista Ives Gandra Martins Filho, ministro do Tribunal Superior do Trabalho, também foi sondado por emissários do presidente para substituir Moro no Ministério da Justiça.

De acordo com interlocutores de Bolsonaro, Gandra Filho ponderou que seu perfil é técnico, de um magistrado, e que por isso prefere seguir no tribunal.

O Planalto trabalha ainda com a possibilidade de uma solução caseira. Neste cenário, o mais cotado até agora é o chefe da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira, que é amigo de Bolsonaro. Há também uma possibilidade ainda de cisão de Justiça e Segurança Pública.

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