Saída do "superministro"

Moro é símbolo de processo histórico que ocorreu no Brasil, diz Barroso

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24 de abril de 2020, 13h14

O Ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, afirmou nesta sexta-feira (24/4) que Moro foi símbolo de um “processo histórico” que tomou o Brasil nos últimos anos. A declaração foi feita pouco antes de Moro anunciar sua saída do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Carlos Humberto/SCO/STF
Barroso se pronunciou pouco antes de Moro anunciar demissão
Carlos Humberto/SCO/STF

“A ‘lava jato’ e a luta contra a corrupção simbolizam uma sociedade que deixou de aceitar o inaceitável. E há pessoas que gostam mais e há pessoas que gostam menos do Ministro Sergio Moro, mas o fato é que ele é símbolo deste processo histórico”, disse durante live organizada pela XP Investimentos, ainda falando da demissão em termos hipotéticos. 

“A corrupção era a moeda corrente, o modo como se jogava o jogo, em todo contrato administrativo relevante alguém levava uma vantagem indevida, em todo empresário relevante havia um pedágio, em toda obra pública, em serviço. Era uma cultura de desvio de dinheiro que nos atrasou na história”, prossegue o ministro do STF. 

Para ele, a saída do ex-juiz mostra, “como fatos já vinham revelando, um certo arrefecimento desse esforço de transformação do Brasil”. “A verdade, no entanto, é que o Brasil já mudou.”.

Saída à jato
Moro anunciou sua demissão no final da manhã de hoje, na sede do Ministério da Justiça, Em Brasília. A saída ocorreu após o chefe da Polícia Federal, Maurício Leite Valeixo, ser exonerado. 

"O presidente me falou que tinha preocupações com inquéritos no Supremo, e que a troca seria oportuna por esse motivo, o que gera uma grande preocupação", disparou Moro em seu anúncio.

Ainda segundo o ex-juiz, Bolsonaro queria ter alguém do "contato pessoal dele [na PF] para poder ligar e colher relatórios de inteligência". 

Em seu discurso nesta sexta, Moro afirmou que entende indicações coletivas, mas elencou intervenções de Bolsonaro no funcionamento das instituições. "Quando se começa a preencher cargos técnicos de polícia com questões político-partidárias, o resultado não é bom para a corporação. O problema não é quem entra [na PF], mas por que entra. O problema é trocar o comando e permitir que seja feita a interferência política no âmbito da PF", afirmou.

Além disso, chamou a atenção para o fato de que não foi ele o responsável pela assinatura da exoneração de Valeixo. 

A exoneração do diretor-geral da PF é vista como retaliação à manutenção da autonomia que Moro garantiu ao órgão. Para muitos, Bolsonaro não levou em consideração questões técnicas. O reflexo no horizonte político, claro, não é dos melhores, já que Moro se firmou como o ministro mais popular do governo. 

Sobre o ano em que ficou à frente do ministério, Moro afirmou que tentou ser "garantidor da lei, da imparcialidade e autonomia das instituições". 

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