Prova falsa

Fake news tentam justificar censura na Bienal do Rio

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9 de setembro de 2019, 10h16

Na tentativa de justificar a ação da Prefeitura do Rio de Janeiro na Bienal do Livro, as redes sociais usaram fartamente uma série de imagens de um livro que não estava à venda em nenhum dos estandes do evento.

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Livro holandês traduzido para público português
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No pedido de censura feito ao Tribunal de Justiça do estado, por exemplo, para amplificar seu argumento, o prefeito Marcelo Crivella enviou ao presidente da corte, Cláudio de Mello Tavares, imagens de As Gêmeas Marotas.

A obra, em nome de um suposto autor holandês chamado Brick Duna, é uma sátira que foi lançada em Portugal em 2012, com tradução de Maria Barbosa.

O livro não é voltado ao público infantojuvenil. É uma sátira das produções infantis do holandês Dick Bruna, morto em 2017, conhecido pelo personagem Miffy, um coelhinho de traços simples. Daí, aliás, o pseudônimo Brick Duna, que assina o título da obra também distribuída em imagens por integrantes da gestão Crivella.

As mesmas imagens, porém, não foram apresentadas pela prefeitura no recurso contra a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, que suspendeu a decisão que permitia apreensão dos livros.

Uma das fotos que circularam pela internet mostra a obra exposta num estande, com preços em euros. Além disso, o título está com a grafia de português de Portugal, como é possível ver já na capa da obra, onde está escrito gémeas, e não gêmeas.

No recurso ao STF, a Prefeitura do Rio voltou a questionar também a história em quadrinhos "Vingadores: A Cruzada das Crianças", em que dois personagens homens se beijam.

Sobre essa publicação, tanto o ministro Dias Toffoli quanto o ministro Gilmar Mendes já se manifestaram, afirmando que não há nada que proíba o seu conteúdo.

*Atualizada às 7h15 de 10/9/19.

*Correção: diferentemente do que foi publicado na primeira versão, as imagens do livro "As Gêmeas Marotas" não foram apresentadas pela Prefeitura do Rio no recurso contra a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, que suspendeu a decisão que permitia apreensão dos livros da Marvel "Vingadores: A cruzada das crianças".

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