Sem suspeitos

Procurador da República acredita que imprensa está contra a "lava jato"

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2 de setembro de 2019, 20h16

Para o procurador da República Maurício Gotardo Gerum, a "lava jato" está sob ataque. E é a imprensa quem está na ofensiva, acredita ele. A tese foi apresentada em parecer ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região em que Gerum se manifesta contra a suspeição dos colegas de Curitiba. E contra a anulação o depoimento de um ex-diretor da Odebrecht que se disse forçado a mentir em sua delação premiada para incriminar o ex-presidente Lula.

Fernando Frazão/Agência Brasil
Procuradores da "lava jato" não são suspeitos porque mensagens vazadas fazem parte de "campanha panfletária" contra a operação, acredita procurador
Fernando Frazão/Agência Brasil

A exceção de suspeição foi apresentada ao TRF-4 pela defesa do ex-presidente, feita pelos advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins. Eles afirmam que as mensagens de Telegram vazadas pelo site The Intercept Brasil mostram que os procuradores da "lava jato" tratavam Lula como inimigo político, e não como investigado ou réu, e que diversas conversas dão indícios de que eles manipularam provas e testemunhas para colar as investigações no ex-presidente.

O depoimento do ex-executivo da Odebrecht também corrobora a tese dos advogados de Lula — o ex-diretor depois se arrependeu do que disse.

No parecer Gerum, além da tese sobre a conspiração da imprensa contra a "lava jato" — uma "campanha panfletária" —, ele repete o discurso de seus colegas: "São absolutamente normais os contatos entre o juiz e o membro do Ministério Público sem que daí se possa extrair qualquer prejuízo ao jurisdicionado".

"Nada mais são do que conversas próprias a pessoas que dividem o ambiente de trabalho e comentam os eventos recentes, sem que seja possível extrair o mínimo intuito de uma influenciar a outra em sua atuação profissional", diz ele.

Entre suspeitos
Gerum também foi acusado de suspeição. Ele é primo do procurador Diogo Castor de Mattos, integrante afastado da força-tarefa da "lava jato", que negociou diversos acordos de delação premiada. Segundo a defesa de Lula, o parentesco entre os dois colegas põe Gerum numa situação de conflito de interesse, já que ele tem de dar pareceres sobre a atuação do primo.

Além disso, Diogo é irmão do advogado Rodrigo Castor de Mattos, que também negociou acordos de delação premiada — embora, nos casos em que um assina, o outro não participa. Gerum confirmou ser primo de Diogo e de Rodrigo e disse que até gosta deles, mas também disse que não tem muito contato com os irmãos.

O TRF-4 negou a suspeição. A defesa de Lula pedia para a Justiça Federal colher manifestações de Diogo e dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura, delatores, sobre as relações entre os primos. Para o TRF-4, no entanto, os advogados poderiam ter levado depoimentos de todos por escrito, "sem necessidade de intervenção judicial".

Clique aqui para ler o parecer na íntegra.

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