A pata do leão

Marco Aurélio recomenda que Bolsonaro tire o pé das redes sociais

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29 de outubro de 2019, 20h06

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, recomendou nesta terça-feira (29/10) que Jair Bolsonaro “tire o pé das redes sociais”, ao comentar um vídeo compartilhado por um perfil oficial do presidente no qual o STF é mostrado como uma das “hienas” que atacam o “leão Bolsonaro”.

Fellipe Sampaio /SCO/STF
Ministro do Supremo Marco Aurélio Mello

Para Marco Aurélio, Twitter é “coisa para a garotada”. “O presidente Jair Bolsonaro não está mais em campanha — e deve governar para todos.”

“A responsabilidade dele é ainda maior, porque quando o presidente fala, a voz dele ressoa. Eu acho que está na hora de temperança nas coisas que se diz. O Brasil precisa de trabalho, e acaba que o que ele faz se perde com essas bobagens.”

Sobre o vídeo em que o Supremo é retratado como uma das hienas que atacam o presidente da República, Marco Aurélio afirmou que se sente “triste” com essa percepção. “É muito ruim [a mensagem do vídeo]. Que haja transparência na administração pública, mas não dessa forma. Ele [o presidente] precisa de serenidade. O STF atua segundo a Constituição Federal, e nada mais. O STF não está contra quem quer que seja. De forma alguma. O STF atua quando é provocado, é o dever dele”, afirmou.

Em meio à polêmica desde esta última segunda (28), a publicação foi apagada duas horas depois de ficar no ar. Nesta terça, o Bolsonaro pediu desculpas ao Supremo e disse que a divulgação foi um erro e que haverá retratação.

“Todos nós, brasileiros, queremos que o Brasil saia desse estágio de estagnação. Nossos problemas sociais são muito sérios. Vamos cuidar da educação, da saúde, vamos cuidar da retomada do desenvolvimento. Ajuda, sem dúvida alguma, o reconhecimento de equívoco [do presidente]”, prosseguiu Marco Aurélio.

Trecho do vídeo publicado e depois retirado nesta segunda (28) no Twitter de Bolsonaro
Reprodução

O perfil oficial de Bolsonaro publicou vídeo de um leão encurralado, prestes a ser atacado por hienas. Na lista dos predadores do "rei da selva" estavam STF, ONU, partidos aliados, imprensa, oposição e "isentões".

A fala de Marco Aurélio se soma às críticas divulgadas em nota também na última segunda, pelo decano do STF, ministro Celso de Mello, que afirmou que o "atrevimento presidencial parece não encontrar limites."

Tanto Marco Aurélio quanto Celso vão deixar o Supremo durante o governo Bolsonaro. Celso se aposenta compulsoriamente em novembro de 2020, quando completará 75 anos. Marco Aurélio, por sua vez, se despedirá do tribunal em julho de 2021. Caberá ao então presidente indicar quem vai assumir as cadeiras de ambos.

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