De volta ao mercado

Amparado por acordo de delação, Youssef recomeça a operar com câmbio

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10 de novembro de 2019, 17h22

O doleiro Alberto Youssef, delator da operação "lava jato", está de volta ao mercado financeiro. Após cumprir pena por quase três anos por corrupção e lavagem de dinheiro, já trabalha mercado futuro de câmbio na bolsa brasileira B3. A informação é do jornal Valor Econômico.

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Youssef teve acordo de delação aprovado duas vezes pelo então juiz Sérgio Moro

Youssef tem planos de certificar e vender a licença de um robô de investimentos. O recomeço do doleiro no mercado financeiro é permitido graças ao seu acordo de delação premiada.

O acordo firmado pelo 13ª Vara Federal de Curitiba e homologado pelo Supremo Tribunal Federal em 2014 veta, de modo singelo, apenas “operações ilegais”. As operações envolvendo dólares no mercado paralelo  — que lhe renderam fortuna e o levaram a prisão — estão proibidos conforme os termos do trato firmado com a Justiça. Todas as operações "lícitas" estão liberadas.

O operador, que começou a trabalhar com câmbio nos anos 1990 após a quebradeira no Plano Collor (1990), é pioneiro em acordos de delação premiada no Brasil. Foi preso em 2003 e teve sua pena atenuada graças ao novo instituto.

Nas duas ocasiões em que colaborou com a Justiça em troca de ter a pena por seus crimes atenuada, ele contou com a aprovação do então juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, que é de Maringá, cidade próxima a Londrina, ambas no norte do Paraná, onde Youssef fez fortuna.

O doleiro foi preso pela primeira vez no bojo do caso conhecido como o escândalo do Banestado. A atuação de Moro é tema de julgamento no STF, que foi paralisado após pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes.

Na segunda vez, Youssef foi condenado a 122 anos e o pagamento de R$ 50 milhões em multas. Graças à nova delação, o doleiro conseguiu o benefício de cumprir a pena em liberdade após quase três anos encarcerado.

Em casa, agora na Vila Nova Conceição, bairro nobre na região do Ibirapuera, em São Paulo, aproveita o tempo restrito pelas atuais condições da pena.

Tem horário delimitado para sair de casa e não pode deixar a capital paulista, exceto com autorização judicial. Mas não precisa para atual atividade dele. Fica diariamente das 9h às 17h em frente de seus equipamentos, acompanhando o mercado financeiro brasileiro, onde também atua no mercado de ações.

Clique aqui para ler o acordo de delação de Youssef
RHC 144615

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