Ideias do Milênio

"Terapia da conversão para gays nasceu da intolerância e é nutrida pela religião"

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4 de março de 2019, 10h45

Colin Boyd Shafer Photography
Colin Boyd Shafer Photography

Entrevista concedida por Garrard Conley, autor de Boy Erased, ao jornalista Jorge Pontual para o Milênio — programa de entrevistas que vai ao ar pelo canal de televisão por assinatura GloboNews às 23h30 de segunda-feira, com reprises às terças (4h05).

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Chegou às telas de Hollywood a discussão em torno da cura gay, como ficou conhecida a polêmica e discutível terapia que promete converter a orientação sexual de uma pessoa. O filme Boy Erased: Uma verdade anulada, esquentou esse debate sobre esses centros de conversão gay nos Estados Unidos. É uma prática condenada por médicos e psicólogos, mas ainda aceita e defendida por muitos no país, inclusive, o vice-presidente Mike Pence. Boy Erased é baseado no livro do mesmo nome do americano Garrard Conley e foi enviado pelos pais a um centro de conversão gay quando tinha 19 anos.

As práticas de terapia da conversão podem envolver sessões de terapia, hipnose, tratamentos para dependentes, uso de medicamentos, eletrochoques, confinamento e até estupros corretivos em alguns países da África e da Ásia. Em entrevista ao Milênio, Garrard Conley deu detalhes sobre o que viveu e como deu uma guinada na sua história. Com 33 anos, ele, que saiu do interior de Arkansas, mora em Nova York com o marido.

Jorge Pontual — Vamos falar primeiro do seu livro. Quando o escreveu?
Garrard Conley —
O livro foi publicado em maio de 2016. Acho que comecei a escrevê-lo dois anos antes disso. Uma década depois dos fatos.

Jorge Pontual — Você levou uma década para…
Garrard Conley —
Eu não queria falar no assunto. Meu pai e eu não tocávamos no assunto. Não quero dar spoiler, mas, quando voltei da terapia de conversão e meu pai perguntou se funcionou, minha mãe e eu rimos e dissemos: 'Não, não funcionou'. E varremos para baixo do tapete a partir daquele momento. Sempre que o assunto surgia quando eu conhecia alguém, eu tentava ser superficial, porque achava tão idiota ter feito terapia de conversão. Eu me sentia estúpido por ter feito, então dizia: 'Fiz terapia de conversão, não funcionou. Fim'. Assunto encerrado.

Jorge Pontual — E por que você decidiu escrever um livro?
Garrard Conley —
Eu comecei a ler vários blogs na época — isso foi quando o MySpace ainda existia — de sobreviventes da terapia de conversão. Nós nos chamamos de sobreviventes porque muita gente se suicidou. E eles descreviam como tinham dificuldade de ter um relacionamento ou, numa relação mais íntima, como sentiam a pele pegando fogo ou uma vergonha profunda. E eu não consegui rir disso. De repente vi minha própria experiência refletida naquelas palavras. E eu também sabia que quem tinha tentado escrever sobre isso tinha feito isso de uma maneira muito seca. Não havia nuances simplesmente porque não haviam processado suas emoções. E eu tinha passado dez anos viajando pelo mundo. Fui para a Ucrânia com o Corpo da Paz, ensinar sobre HIV/Aids num vilarejo. Me formei em Estudos da Sexualidade nos EUA, então eu tinha processado muita coisa, tive tempo para refletir, ler muitos livros e me atualizar. Então senti que estava numa posição que me permitia contar a história, talvez porque eu só tenha ficado num local para 'ex-gays' duas semanas. Não passei, como algumas pessoas, dois anos. Fiz seis meses de terapia e depois passei duas semanas no Love in Action, onde fiz terapia de conversão, mas… Eu tinha cicatrizes, mas não estava arruinado. Minha vida não estava completamente destruída. Era possível reconstruí-la, enquanto muitas pessoas que passaram dois ou três anos na terapia perderam amigos que cometeram suicídio, foram rejeitadas pelas famílias, ficaram sem casa… Há muitas histórias assim. E tentar escrever sua história desse ponto de vista, após tanto sofrimento, seria incrivelmente difícil. E eu soube desde o início que não queria escrever só a minha história. Eu queria escrever a história dos meus pais, a razão de me mandarem para a conversão, queria mostrar o histórico religioso que nos fez chegar àquele ponto e também queria analisar a situação política da época. E só é possível fazer isso estando em paz com seu passado.

Jorge Pontual — Por que seus pais o mandaram para a terapia de conversão?
Garrard Conley —
Essa é a pergunta de um milhão de dólares. Acho que foram vários motivos. Primeiro: eles só tinham visto retratos muito negativos de pessoas LGBTQ na imprensa. Viram pessoas morrendo de Aids. Na cabeça deles, e tem gente que até hoje acha que a doença só está associada a pessoas LGBT, apesar de as estatísticas não refletirem mais isso. Eles achavam que, se eu vivesse abertamente como gay, minha vida estaria arruinada e eu não teria futuro. Quando se vê a coisa assim, quando se tem essa compaixão, dá para entender a atitude deles.

Jorge Pontual — Foi por amor.
Garrard Conley —
Foi. E, muitas vezes, fazemos coisas por amor que podem ser apavorantes. Nem sempre é bom fazer algo por amor, principalmente se é pelos motivos errados. Mas eles… Eu sempre digo que devemos gritar com quem tem poder e faz isso, mas devemos conversar com quem não tem poder. E eu tive que conversar com meus pais para entender, porque eles me disseram — e não é mentira, fiz essa pesquisa — que procuraram uma igreja grande, a Batista de Bellevue, em Memphis, Tennessee, quando a minha homossexualidade foi revelada, e perguntaram o que fazer. O pastor entregou-lhes um folheto e disse: 'Esta é a forma de curá-lo'.

O centro onde Conley passou duas semanas é uma das centenas que ainda existem nos Estados Unidos. As tentativas de reverter a orientação sexual têm diferentes nomes: cura gay, terapia de conversão, terapia de reparação ou até conversão espiritual. Até 2012 não havia lei no país proibindo a cura gay. Hoje, 11 estados americanos proíbem essa prática para menores de 18 anos, mas 39 ainda não aprovaram legislação sobre o tema.

Garrard Conley — Meus pais não fizeram mais pergunta alguma porque acreditavam, como centenas de milhares de fiéis como eles, que a igreja é incapaz de errar. É um sistema muito patriarcal. Se os líderes da igreja disseram que ele devia fazer aquilo, meu pai não ia questioná-los. E ele estava se ordenando pastor, então por que iria desafiar toda uma indústria que dizia que ele deveria fazer aquilo? E acho que muita gente se esquece, mas hoje sabemos, porque Mike Pence a apoiou, que havia um peso político enorme por trás da terapia de conversão. E os noticiários dedicavam muito tempo ao assunto, nem sempre de forma crítica. Havia ângulos críticos, mas, por falta de outro termo, a pessoa que abusou de mim, John Smid, que me submeteu à terapia de conversão, falou na CNN, no Larry King Live… Um dos chefes dessas organizações saiu na capa da revista Newsweek com sua mulher ex-lésbica. Eles apareceram muito na imprensa, o que os legitimou. Hoje, se você buscar “terapia de conversão” no Google, achará o meu filme e organizações lutando contra ela, mas em 2004, quando eu fui fazer a terapia, se fizesse a mesma busca, os resultados seriam positivos. 'Este é o lugar para fazê-la', 'Faça assim para mandar seu filho'. Então vivemos em uma época diferente, mas eu também diria que não é tão diferente, porque, embora os resultados do Google sejam diferentes, quando volto para Mountain Home, Arkansas, para o meu estado, que é mais conservador do que Nova York, a sensação ainda é a mesma. E muitos jovens gays com quem converso, que estão no ensino médio, dizem que tudo isso parece fantasia: 'O mundo no qual você vive em Nova York, essas boates gays e essas paradas do Orgulho Gay não são o meu mundo. Eu vejo na tela, sei que existem, mas não me parecem ser a realidade'.

Jorge Pontual — Os pais ainda os mandam para a terapia de conversão?
Garrard Conley —
Ainda. Não é mais tão comum… Eu diria que, graças à minha história, a maioria das pessoas não manda mais os filhos para a terapia no Arkansas. Espero que não. Mas ainda acontece de forma clandestina desde que a terapia ganhou toda essa atenção. Muita gente deixou de usar o termo 'terapia de conversão' e passou a usar 'terapia reparadora' ou 'aconselhamento para famílias cristãs', que são a mesma coisa, mas agora tornou-se um termo inadequado.

Apesar das denúncias, críticas e da crescente pressão de grupos e associações para proibição total dos centros de cura gay nos Estados Unidos, a prática ainda afeta milhares de jovens americanos. Um estudo do Williams Institute, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, aponta que 700 mil americanos já passaram por algum tipo de tentativa de conversão sexual em algum ponto de suas vidas. A cada ano, 20 mil adolescentes, entre as idades de 13 e 17 anos, são enviados por seus pais para algum centro de conversão ou tratamento individual com terapeutas em consultórios. A pesquisa diz ainda que líderes religiosos ou espirituais oferecem a tal cura gay a 57 mil jovens todos os anos. Outro número alarmante desse estudo aponta que de um milhão e seiscentos mil moradores de rua nos Estados Unidos com menos de 18 anos, 40% são jovens que foram expulsos de casa por serem LGBTs.

Garrard Conley — Outro fato que choca as pessoas é que é maior a probabilidade de pessoas transgênero serem submetidas à terapia de conversão. São os maiores clientes.

Jorge Pontual — Diga aos nossos assinantes – não quero antecipar muito o que está no filme e no livro – o que acontece nesses lugares.
Garrard Conley —
O Love in Action, aonde eu fui, em Memphis, era um lugar muito singular, para dizer o mínimo. Eles decidiram combinar a ideia dos Alcoólicos Anônimos, o programa dos 12 passos.

Jorge Pontual — Eles tratam gays e lésbicas como tratam dependentes, como um vício.
Garrard Conley —
Sim. Nossas fantasias e nossos desejos sexuais eram encarados como um vício que poderíamos controlar. Eu cresci ouvindo certas ideias… Coisas como, diziam a nós: ''Às vezes nós temos pensamentos violentos, queremos estrangular alguém, mas não fazemos isso'. A mesma ideia se aplicaria às tendências homossexuais: 'Você pode sentir essa atração, mas não a concretiza'. Esse tipo de lógica funciona muito bem com uma criança. Parece uma solução simples: 'Não mate uma pessoa, não transe com um homem'. Isso funcionou por um tempo, e quando fui apresentado à ideia de que minha homossexualidade era um vício, não fiquei tão surpreso. Além disso, as pessoas que conheci eram muito gentis, acolhedoras. Parecia um encontro de escola dominical. Íamos ler a Bíblia juntos, falar de Deus e talvez cantar. Esse era um lado da coisa. Passamos por um programa de doze passos para nos livrar do nosso vício. A outra inovação do Love in Action parece absurda a princípio, mas vou explicar. Eles juntavam pessoas com problemas de zoofilia e pedofilia com pessoas com problemas no casamento, questões trans e coisas assim. Todos ficavam no mesmo grupo, pois supunha-se que todos éramos viciados em alguma coisa maléfica. Isso parece loucura, não é? Mas pense na quantidade de pessoas que já ouviu dizendo: 'Se dermos aos gays o direito de casar, eles vão se casar com cavalos, ou vacas'. É o argumento da bola de neve de que algo terrível acontecerá se dermos direitos às pessoas.

Argumentos desse tipo vêm ganhando espaço em muitos países que experimentam os efeitos de governos conversadores. Efeitos desse avanço da direita e do nacionalismo para as minorias LGBTs tem representado a defesa de tratamentos que remetem à cura gay e tentativas de revogar direitos, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump tem lutado para proibir a entrada de transgêneros nas Forças Armadas. Na Rússia, Vladimir Putin tem proibido paradas gays em Moscou e foi acusado de fazer vista grossa à matança de homossexuais em campos de concentração na Chechênia, que é uma província russa. No Brasil, o Conselho Federal de Psicologia proibiu as práticas de cura gay 20 anos atrás, em 1999. Mas em 2017, um juiz federal levantou a proibição e desde então, psicólogos e ativistas lutam no Supremo Tribunal Federal para reverter a decisão. No Congresso, um projeto de lei criado por um deputado que é pastor evangélico em 2016 para permitir a modificação de orientação sexual ainda está em tramitação.

Garrard Conley — Há muitos mitos envolvendo a terapia de conversão: 'Ah, isso é uma maluquice que só acontece nos EUA ou em comunidades malucas e atrasadas'. Mas na verdade acontece em qualquer lugar, e nasceu de uma espécie de intolerância que existe no país desde a sua fundação. Não é tão surpreendente.

Jorge Pontual — Não se pode converter uma pessoa LGBTQ numa pessoa heterossexual.
Garrard Conley —
Que eu saiba, não.

Jorge Pontual — Não acontece. Mas é possível converter um intolerante num tolerante?
Garrard Conley —
Eu acho que… Detesto chamar minha mãe de ex-intolerante, mas acho que ela era, e ela admite. Então testemunhei uma conversão, mas mães são facilmente convertidas, porque amam seus filhos e é difícil romper essa conexão, mas eu já vi acontecer. A minha mãe era alguém que… Ela não sabia que eu era gay, mas debochava de gays, dizia coisas terríveis. Eu ouvia aquilo e pensava: 'Jamais vou poder contar a ela, senão ela vai deixar de me amar'. E ela… Ela cometeu erros, concordou com o meu pai, não recebeu muito bem meus primeiros namorados. Não queria saber das coisas, mas um dia nós estávamos conversando sobre a mudança dela, sobre quando ela passou a me apoiar, e ela disse que, durante anos, rezou para que Deus me mudasse. Ela rezava todo dia. Até que, um dia, ela mudou a oração: 'Se eu tiver que mudar, eu mudo'. E no dia seguinte ela acordou mudada. Não sei se teve uma conexão divina ou se ela se permitiu pensar diferente. Mas ela mudou, e talvez seja estupidez achar que as pessoas são capazes de mudar. Não sei. Me tornei um pouco mais cínico em 2018 e 2019, mas não acho esse tipo de otimismo estúpido. Acho-o necessário. Do contrário, de que adianta?

Jorge Pontual — Quando o seu pai descobriu, ele disse que não pagaria sua faculdade e que você não era mais bem-vindo em casa se não mudasse. Depois ele mudou, porque de certa forma aceitou você como era. Como foi para ele?
Garrard Conley —
Bem, acho que ele… se deu conta de como eu podia ser teimoso. Eu era o melhor filho do mundo. Sério, eu nunca tinha feito nada que parecesse minimamente estranho para ele. Eu era um garoto “normal”. Então essa foi a primeira vez, quando voltei da terapia, que o enfrentei e disse: 'Não vamos mais falar sobre isso. O que você fez foi nocivo, e eu não quero mais falar sobre isso'. Acho que ele ficou chocado ao conhecer aquele filho adulto que o enfrentava em vez de simplesmente obedecer. E tem sido um processo. A minha mãe tem o papel infeliz de ser uma espécie de árbitro entre nós dois, porque ela consegue traduzir nossos idiomas e fazer tudo ficar bem. Mas, a certa altura, uns quatro anos atrás, no Natal… Foi antes do lançamento do livro, mas ela sabia que eu estava escrevendo. Era Natal, ela tinha acabado de superar uma suspeita de câncer… Achou que estava com câncer e isso mudou a vida dela, como acontece com muita gente. E disse: 'Não vou mais controlar nada disso. Vou para o quarto e vocês que se entendam'. Ela saiu, e meu pai e eu tivemos uma conversa muito intensa. Eu disse: 'Daqui a 100 anos…'. Se estivermos vivos. Com o aquecimento global, quem sabe? 'Se ainda estivermos aqui, a nossa família será lembrada pelo que eu fiz, não pelo que você fez. É assim que vai ser. Então, se quiser ser lembrado de forma positiva, é melhor ficar do meu lado. Porque essa intolerância que existe na nossa família… Não quero apagar a história da família, mas essa intolerância que demonstramos, seja contra negros ou LGBTQ, precisa acabar. Essa é a nova geração. E quando eu me casar com um homem…'. Agora sou casado, mas não era na época. 'Quando me casar, o nome dele estará ao lado do meu na árvore genealógica, e você não poderá fazer nada.'

Jorge Pontual — Eles vieram para o casamento?
Garrard Conley —
Não. Só me casei no civil, porque não quis me dar ao trabalho.

Jorge Pontual — Como foi ver a sua história na telona?
Garrard Conley —
Na primeira vez que vi… Fui ao set de filmagens várias vezes, então estava preparado para a intensidade. Vi a filmagem de várias cenas e me emocionei muito, principalmente porque na primeira vez que estive no set vi a recriação dos meus dias na terapia de conversão, e estava muito parecido. Mas quando vi o filme inteiro, fiquei muito constrangido de ver que aquela era a minha vida. Me lembro de pensar: 'Parece tão triste… Eu pareço uma pessoa triste'.

Jorge Pontual — Termina bem.
Garrard Conley —
É, termina, mas há muitas partes sombrias.

Jorge Pontual — Se você pudesse falar aos brasileiros que vão nos assistir, com um jovem homossexual, transgênero ou os pais dele, que ainda não sabem o que fazer, o que diria?
Garrard Conley —
Ao jovem, eu diria: 'Comece a registrar o que está acontecendo com você, porque agora você pode estar desanimado e achar que não há uma história aí. Acha que só há tristeza, mas sua vida é parte de uma história muito maior. Então, por mais que hoje ela pareça sombria, você vai aprender com ela, que mais tarde lhe dará energia'. Porque, se eles estão nessa posição, já é triste. Não posso fazer nada quanto a isso, porque muitos jovens não podem deixar suas cidades, suas famílias. Não têm dinheiro para ir morar numa cidade grande. Então eu diria: 'Sim, é uma droga, este momento é péssimo, mas comece a se encarar como um personagem de uma história maior'. Foi isso que me ajudou. Para os pais, eu diria: 'Sei que não concordam com seu filho e que provavelmente se preocupam com ele, mas parem para pensar: se existe uma chance mínima de isso ser uma tortura com potencial de arruinar a vida dele, estão dispostos a correr esse risco? Estão dispostos a correr o risco de acabar com a vida de seu filho depois de tantos anos cuidando dele?'.

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