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Empresário falsifica legenda de foto para atacar Toffoli, Maia e Alcolumbre

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15 de maio de 2019, 20h02

O empresário de origem chinesa Winston Ling, que vive em Hong Kong, resolveu adulterar fatos com a mesma naturalidade com que se falsifica produtos populares. Com um golpe só, atacou o Judiciário e o Legislativo brasileiros com uma mentira. Ele divulgou na Internet uma foto em que o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), posam junto com o presidente o Bank of America no Brasil, Eduardo Alcalay. Mas inventou que Alcalay é o prefeito de Nova York, Bill De Blasio, notório democrata.

Reprodução Twitter
Além da foto, um comentário: "Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre e Dias Toffoli, tirar essa foto com o prefeito de Nova York, Bill De Blasio, após este ter ofendido Jair Bolsonaro e o povo brasileiro é algo muito lamentável!".

Ling — que agora faz jus ao apelido de "empresário xing-ling" —  faz parte da camada de conservadores que defendem o governo. Embora more em Hong Kong desde 2001, fala bastante sobre a realidade brasileira. Em entrevista ao Estadão, por exemplo, disse que, se a reforma da Previdência passar, "o Brasil será a nova China". Ao site O Sul, disse que Bolsonaro enfrenta interesses poderosos para refundar o Brasil. A investigação contra o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) por lavagem de dinheiro, para ele, é um exemplo de movimento de forças para inviabilizar o governo.

Winston Ling é conhecido do empresariado brasileiro. Investidor, ele comanda uma agência de revenda de produtos brasileiros na China. É filho do do empresário Sheun Ming Ling, fundador do Instituto Ling, um fundo de financiamento de bolsas de estudos para jornalistas em universidades norte-americanas para formar lideranças conservadoras no Brasil. O Instituto Ling é parceiro do Instituto Millenium, que faz a mesma coisa, mas nos EUA.

Segundo o Estadão, foi Winston quem aproximou Bolsonaro do economista Paulo Guedes. Hoje ministro da Economia, Guedes se vendeu ao mercado como fiador do então candidato Jair Bolsonaro, até então conhecido apenas pelas polêmicas em que se envolvia.

Winston conheceu Bolsonaro por meio da deputada Bia Kicis (PSL-DF). Ela era candidata e quis conhecer o empresário que mora na China e acha que o Estado interfere demais na economia nacional. Já eleita, Kicis passou a defender uma "renovação" no Supremo Tribunal Federal. A forma seria revogar a "PEC da Bengala", que mudou a idade da aposentadoria compulsória dos ministros de 70 para 75 anos.

A medida atingiria os ministros Celso de Mello, Marco Aurélio, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber. Para a deputada, seria uma forma de deixar o tribunal "mais liberal e conservador", medida que ela aprendeu com Winston que é necessária para a vida nacional.

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