Defesa do Supremo

"Milícia de rede social não assusta quem resistiu à ditadura", diz presidente da OAB

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7 de maio de 2019, 8h02

"Não tememos o ódio que tenta nos calar. Os protocolos das milícias nas redes sociais não assustam os que resistiram aos porões da ditadura". A fala de Felipe Santa Cruz, presidente do Conselho Nacional da OAB, incendiou os presentes ao jantar em apoio ao Supremo Tribunal Federal, que aconteceu em São Paulo na sexta-feira (3/5).

Egberto Nogueira
Santa Cruz destacou a união entre advocacia e Supremo pela democraciaEgberto Nogueira

Organizado por lideranças da advocacia, o evento teve como objetivo demonstrar apoio aos ministros do tribunal, que vêm sendo atacados por meio de disseminação de mentiras e ameaças.

Santa Cruz foi um do palestrantes da noite e destacou a ligação inseparável que advocacia e Supremo tem na manutenção do Estado Democrático de Direito. 

"Daqui há poucos anos, muito poucos anos lembraremos que aqueles que foram atacados eram aqueles que mereciam ser realmente distinguidos pela coragem, pela firmeza", disse o presidente da OAB. 

Leia abaixo o discurso:

Boa noite a todos, prometo ser extremamente breve, o segredo também é retirar um gordinho do meio do jantar (risos), é a menor chance dele demorar no microfone. Eu tenho uma crença não nos heróis, mas nas instituições, é essa a crença da minha vida, quem conhece a minha vida sabe disso. Na advocacia criminal brasileira, a gente tinha passado nos últimos cinco anos por coisas que nem na ditadura passamos. Eu quero cumprimentar o Supremo, o sistema de Justiça, na pessoa dos advogados que resistiram, na pessoa dos advogados que disseram não, na pessoa dos advogados que foram julgados dizendo que estavam dando honorários. Parabéns à advocacia criminal, em nome dela que eu cumprimento o Supremo Tribunal.

Eu pensava, ao subir a essa tribuna, no que nos une, é o exercício que faço em qualquer evento. O que une pessoas tão diferentes, de origens tão diferentes, com história de vida tão diferentes? Eu tenho uma crença e uma certeza, é o compromisso com a democracia.

As pessoas dessa sala são aquelas que sabem o custo da construção do processo democrático. São aquelas que sabem o custo das chibatadas, são aquelas que conhecem a realidade que custou cada direito. Essas pessoas que se unem essa noite não aceitam esse pensamento fácil e aí há um norte iluminista.

Nesse exato momento este pensamento em batalha, contra todos nós, todas as origens, conservadores, liberais, progressistas, de esquerda, comunistas, porque todos são comunistas, esses têm uma batalha que nós não aceitamos. Nós desconfiados, nos reunimos para celebrar, para tomar um vinho, para tentar, para dizer que também sabemos resistir, com alegria.

Mas, para dizer no caminho para o encerramento, que nós não tememos o ódio que tenta nos calar no escritório, os protocolos das milícias nas redes sociais não assustam os que resistiram aos porões da Ditadura. Eu vou dizer de forma muito clara que eles nos enobrecem e que daqui há poucos anos, muito poucos anos lembraremos que aqueles que foram atacados eram aqueles que mereciam ser realmente distinguidos pela coragem, pela firmeza, pela bravura, juízes, promotores, sim, democráticos, advogados, cidadãos, professores, aqueles que não tem medo de cara feia.

Eu encerro, e aqui foi falado em fé e eu também tenho fé. Pelo amor de Deus, siga ajudando. A todos os conselheiros federais e presidentes, senhor presidente Luciano Bandeira ao nosso lado, a pátria não é de ninguém, são todos e cada qual tem no seio dela o mesmo direito à ideia, à palavra, à associação, a pátria não é um sistema, nenhum monopólio, nenhuma forma de governo, é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, é o berço dos filhos e o túmulo dos nossos antepassados, acúmulo da lei, da língua e da liberdade, os que servem são os que estão aqui esta noite, são os que não invejam, os que não conspiram, os que não sublevam, os que não se acovardam, mas desistem, mas e se não, mais se esforçam, mais pacificam, mais discutem, mais praticam a justiça, a admiração e o entusiasmo, porque todos os sentimentos em resposta ao ódio que tão natural, são benignos, e residem originariamente no amor. Nós acreditamos que o amor vai vencer inexoravelmente o ódio, viva o Supremo, vida a instituição brasileira. 

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