Em família

Somos primos, mas sem contato, diz procurador ao negar suspeição

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26 de junho de 2019, 17h02

O procurador da República Maurício Gotardo Gerum confirmou ser parente de Diogo e Rodrigo Castor de Mattos e gostar muito deles. Mas disse que tem pouco contato com eles e por isso não é suspeito para atuar nos processos do ex-presidente Lula em trâmite no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, onde atua como procurador de segunda instância.

Ricardo Stuckert
Procurador que atua em processos de Lula em grau de recurso é parente de procurador que assina denúncia, o que o torna suspeito para dar parecer sobre pedidos da acusação, afirma defesa do ex-presidente
Ricardo Stuckert

Diogo Castor de Mattos é procurador da República em Curitiba e integrou a força-tarefa da "lava jato". Ele assina tanto a denúncia contra Lula no caso do apartamento no Guarujá (SP) quanto no caso do sítio em Atibaia (SP). Rodrigo Castor de Mattos é advogado criminalista e trabalhou na delação premiada do casal João Santana e Mônica Moura, cujos depoimentos integram a acusação contra o ex-presidente no caso do sítio.

Para a defesa de Lula, Gerum é suspeito por sua relação de parentesco com os irmãos. Ele atua na 8ª Turma do TRF-4, que julga os recursos contra as decisões de primeira instância da "lava jato". Gerum é o responsável pelos pareceres do MPF em segunda instância no caso. E no processo de Atibaia, tanto a defesa quanto o MPF recorreram da decisão de primeira instância, da juíza Gabriela Hardt.

Gerum já se manifestou. Foi pela improcedência do recurso da defesa e pela procedência do recurso da apelação. A tese dele contra o impedimento é que nem ele nem os primos são partes no processo, o Ministério Público e os réus é que são. E como as regras de impedimento e suspeição só atingem as partes, ele, como membro do MPF, estaria fora de seu alcance.

Ele também diz que primo não é parente, já que o impedimento atinge até o "parentesco de terceiro grau", como diz o artigo 258 do Código de Processo Penal. "O impedimento, se houvesse, se encerraria na relação entre tio e sobrinho, não indo além disso", diz.

Em relação a Rodrigo, Gerum afirma ele sequer atuou como defensor do casal de ex-marqueteiros e, ainda que tivesse atuado, isso não seria causaria o impedimento, pois não são partes do processo, são testemunhas.

Apelação Criminal 5021365-32.2017.404.7000
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