Dentro do normal

Fausto de Sanctis não vê irregularidades em conversa de Moro e Dallagnol

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26 de junho de 2019, 20h49

A troca de mensagens entre o ministro da Justiça, Sergio Moro — à época juiz federal — e o procurador da "lava jato" Deltan Dallagnol não tem nada de errado ou anormal. A análise é do desembargador Fausto De Sanctis, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (SP), em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

Wilson Dias/Agência Brasil
Wilson Dias/Agência BrasilDe Sanctis afirmou que as decisões de Moro são "bem embasadas, com provas, com confissões, com delações, atingindo políticos e empresários".

O magistrado defendeu as decisões de Moro, afirmando que são "bem embasadas, com provas, com confissões, com delações, atingindo políticos e empresários". Ele descartou a possibilidade de que as conversas sejam usadas para anular sentenças condenatórias da "lava jato".

Segundo De Sanctis, a prova é "absolutamente nula e sequer pode ser produzida uma perícia para confirmar a sua veracidade". "Quando há a possibilidade de os hackers terem manipulado as informações, nós estamos no campo do nada. Nada é prestável juridicamente. Tudo é nulo do ponto de vista jurídico. Estamos num campo de discussão ética: há falta de treinamento e falta de orientação. Isso obriga os juízes a serem mais cautelosos", criticou.

Na entrevista, o magistrado diz que é comum que haja conversa e até mesmo fofocas dentro do Judiciário: "conversas podem existir desde que não haja desrespeito de parte a parte". 

Segundo De Sanctis, o que não pode haver são problemas éticos que, para ele, estão localizados atualmente nos tribunais superiores. "O Supremo tem sido reconhecido como o primeiro violador da ética judicial. Não se reconhece em muitos ministros a figura de um magistrado, mas de um político."

Questionado sobre o que pensa da figura de juiz justiceiro, De Sanctis fez um alerta: "quando começa a surgir a figura do juiz-herói, não que o juiz esteja empunhando essa bandeira, é sinal de que a Justiça não é reconhecida como imparcial pela população. Isso é muito grave. Se a população reconhece heróis no Judiciário é porque identifica necessariamente vilões".

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