Vacina antidescrédito

Procuradores da "lava jato" agora dizem que diálogos foram fabricados

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12 de junho de 2019, 19h18

A força-tarefa da “lava jato” no Paraná está tentando se vacinar contra os efeitos que as divulgações do site Intercept Brasil possa ter sobre os procuradores. Em nota divulgada na tarde desta quarta-feira (12/6), os procuradores disseram que está confirmada a possibilidade de os diálogos divulgados pelo site terem sido fabricados por um hacker com objetivo de "atacar a operação".

André Telles
André TellesProcurador Deltan Dallagnol diz ter sido alvo de "ação criminosa de hackers"

Chegaram a essa conclusão depois de notícias segundo as quais um hacker invadiu um grupo de Telegram de conselheiros do Conselho Nacional do Ministério Público fingindo ser um deles e disse "hacker aqui". Os procuradores não tinham negado a autenticidade das mensagens antes das notícias sobre o grupo do CNMP.

Para a “lava jato”, o hacker estaria distorcendo fatos e enviando mensagens com “objetivo claro de desacreditar” a imagem dos integrantes da força-tarefa. O MPF também disse que os novos ataques confirmam a possibilidade de o hacker ter fabricado diálogos usando perfis de autoridades.

“A divulgação de supostos diálogos obtidos por meio absolutamente ilícito, agravada por esse contexto de sequestro de contas virtuais, torna impossível aferir se houve edições, alterações, acréscimos ou supressões no material alegadamente obtido. Além disso, diálogos inteiros podem ter sido forjados pelo hacker ao se passar por autoridades e seus interlocutores. Uma informação conseguida por um hackeamento traz consigo dúvidas inafastáveis quanto à sua autenticidade, o que inevitavelmente também dará vazão à divulgação de fake news”, diz a nota.

Essa foi a quarta manifestação pública da força-tarefa desde domingo, quando o site The Intercept Brasil divulgou conversas entre o procurador Deltan Dallagnol e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, enquanto o ex-juiz ainda conduzia processos da “lava jato”. Nas mensagens, Moro orienta o trabalho dos procuradores e até cobra resultados da força-tarefa.

“O ataque em grande escala, em plena continuidade, envolvendo integrantes do Ministério Público, Poder Judiciário, Poder Executivo e imprensa, revela uma ação hostil, complexa e ordenada, típica de organização criminosa, agindo contra as instituições da República”, completou o MPF.

Juíza alega ter sido hackeada
A juíza substituta Gabriela Hardt, substituta de Sergio Moro na 13ª Vara Federal de Curitiba, também disse que teve o celular hackeado. A invasão, disse ela, aconteceu "na mesma época e aparentemente pela mesma pessoa/grupo que invadiu os aparelhos dos procuradores".

Gabriela Hardt foi quem condenou o ex-presidente Lula a 12 anos e 11 meses de prisão no caso do sítio de Atibaia. Ela foi acusada pela defesa do ex-presidente de copiar trechos da sentença de Moro contra Lula na ação do triplex do Guarujá (SP).

Em nota, a Justiça Federal do Paraná afirmou que a "juíza não verificou informações pessoais sensíveis que tenham sido expostas e entende que a invasão de aparelhos de autoridades públicas é um fato grave que atenta contra a segurança de Estado e merece das autoridades brasileiras uma resposta firme".

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