Intercâmbio cultural

Biblioteca do professor Hassemer ficará no Rio, com advogados brasileiros

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12 de junho de 2019, 8h02

A biblioteca do professor alemão Winfried Hassemer acaba de chegar ao Brasil. Ele morreu em 2014 e a viúva, a juíza Kristiane Weber-Hassemer, decidiu enviar a coleção, de mais de 8 mil livros, aos advogados Juarez Tavares e Fernanda Tórtima, que dividem um escritório no Rio de Janeiro.

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A biblioteca do professor Winifried Hassemer, na Alemanha

Hassemer é um dos mais importantes pensadores do Direito do século XX. Catedrático de Direito Penal da Universidade de Frankfurt, ele foi juiz e vice-presidente do Tribunal Federal Constitucional da Alemanha.

Juarez Tavares, titular de Direito Penal da Uerj, foi amigo de Hassemer por mais de 30 anos. Segundo ele, o professor alemão era um liberal, mas no sentido europeu, de defender a integração entre as nações e o papel do Estado como redutor das desigualdades provocadas pelo capitalismo. Era um descendente da chamada terceira geração da Escola de Frankfurt, segundo Tavares.

Tavares conta que a biblioteca chama atenção pela quantidade de países de origem dos livros. “Há livros em chinês, coreano, japonês, espanhol, francês, todas as línguas”, admira-se. Fernanda Tórtima explica: as universidades alemãs são famosas pelo tamanho e qualidade de suas bibliotecas, então os professores não costumam construir suas próprias coleções. A biblioteca de Hassemer era composta, em grande parte, de livros que ele recebia de presente de editoras e de colegas, além de muitas raridades.

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“Sem dúvida, é uma das melhores bibliotecas de Direito Penal do mundo”, gaba-se Juarez Tavares. Os livros foram enviados a eles por causa da relação próxima que tinham com o professor alemão – Tórtima foi aluna dele durante o mestrado e tornou-se amiga.

Um dos atrativos da biblioteca são as dedicatórias que os maiores professores de Direito do mundo escreveram nos livros que doaram a Hassemer. Uma delas foi escrita num livro presenteado ao alemão por Juarez Tavares.

A ideia agora é, depois de catalogar todos os livros, criar um instituto para que a biblioteca possa ser consultada por professores e estudantes. “Hoje os livros estão numa sala bem grande aqui do escritório, mas ainda é necessário algum tipo de controle para que os livros possam ser consultados. A ideia da instituição é que essas visitas sejam organizadas e possibilitadas. Não faz sentido uma biblioteca que ninguém possa acessar”, afirma Tórtima.

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