Dallagnol e Moro

Com uma exceção, candidatos à lista da PGR apoiam colegas da "lava jato"

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10 de junho de 2019, 17h36

Boa parte dos candidatos à lista tríplice para procurador-geral da República afirmou que não há nada de irregular nas conversas entre os procuradores da "lava jato" e o então juiz Sergio Moro. Dos 10 candidatos, quatro saíram em defesa dos colegas e um teceu críticas — os demais ainda não retornaram o contato da ConJur

José Bonifácio de Andrada, subprocurador-geral da República, falou de forma breve e enfática: "Se os colegas afirmam que não há nada de irregular, não há nada de irregular. Assino embaixo a nota que eles divulgaram se posicionando". 

O subprocurador-geral da República Antônio Fonseca se focou na forma como as conversas foram obtidas. "Estamos diante de uma invasão ilícita. A polícia tem que investigar, ainda que se trate de evidência imprestável. Advogados, promotores e juízes conversam entre si no dia-a-dia. Isso acontece em todos os foros, inclusive no Supremo. As autoridades no Brasil precisam urgentemente ter uma política mais rígida de combate aos hackers. Antes que as coisas se agravem. Ainda bem que nada se revelou capaz de, aparentemente, gerar suspeita de nulidade processual; nem de longe", disse. 

Presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, que organiza a votação da lista, o candidato José Robalinho Cavalcanti ressaltou que não viu nada de irregular nas conversas e que o Ministério Público é parte e deve buscar provas. 

"Falo com base na confiança que tenho nos meus colegas. É uma operação complexa e é normal essa troca de informações entre os procuradores e com o juiz que conduz o caso. Não vejo nenhuma irregularidade. O único alerta é o ponto em que o então juiz oferece uma testemunha, isso deve ser melhor olhado, mas creio que é mais uma questão de formalidade. Alguém pode ter buscado o juiz para falar sobre o caso e foi a forma dele repassar para o MPF."

Nívio de Freitas, subprocurador-geral da República, afirma que a única irregularidade que se tem certeza no caso é a obtenção das conversas. "Não vejo nada fora do normal, apenas conversas corriqueiras de profissionais que interagem". 

O procurador regional Blall Daloul faz couro. Segundo ele, não há nada na troca de mensagens que indique "influência na investigação pelo magistrado". Segundo ele, a "verdade real do processo" já foi atestado por diversas instâncias judiciais, e por isso não é mais possível falar em contaminação. 

"O fato é que tratamos de pessoas que detinham a imensa responsabilidade de trabalhar no maior caso de corrupção já visto no país. Não vejo como evitar que se falassem por vias privadas, que interagissem", diz. "O ativo moral e funcional das pessoas envolvidas, juiz e membros do MPF, é enorme e segue merecedor de muita confiança."

O mesmo diz a procuradora Luiza Frischeisen: "As conversas entre colegas são comuns em vários grupos que atuam juntos na mesma instância ou em instâncias diversas com acompanhamento de processos em juízos ou tribunais. As conversas do ex-magistrado, atual ministro, não interferem nas provas e na instrução, feita com contraditório".

Fora do normal 
A exceção  nos candidatos da lista da ANPR é Paulo Eduardo Bueno, subprocurador-geral da República. Perguntado se era normal aquela interação entre procurador e juiz do caso, ele respondeu: "Lógico que é fora do normal. Isso provavelmente vai ter repercussão nos casos que saíram dali e pode ser caso até de anulação das condenações. Arranha a imagem do MPF e até a imagem do Brasil". 

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