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Não há apoio suficiente da opinião pública para impeachment de Trump

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28 de julho de 2019, 10h03

O depoimento do ex-procurador especial Robert Mueller em duas comissões da Câmara dos Deputados dos EUA, na quarta-feira (24/7), sobre possíveis crimes que o presidente Donald Trump teria cometido — e que justificariam seu impeachment — não moveu montanhas, como esperavam os democratas. Na verdade, a bússola que indica os rumos do impeachment de Trump — a opinião pública — mal moveu a agulha.

Gage Skidmore
Pesquisa feita após o depoimento do ex-procurador especial Robert Mueller mostrou que não há apoio suficiente da opinião pública para iniciar procedimentos do impeachment de Trump
Gage Skidmore

Uma pesquisa feita depois do depoimento mostrou que não há apoio suficiente da opinião pública para iniciar procedimentos do impeachment de Trump. Outra pesquisa, quase simultânea, mostrou que um candidato democrata pode bater Trump nas eleições de 2020. Assim, se for preciso remover Trump da Casa Branca, a maior probabilidade é que isso seja feito pelos eleitores no próximo ano — não por impeachment.

A pesquisa feita pelo jornal Político e a Morning Consult, empresa especializada em pesquisas de opinião pública, revelou que apenas 37% dos eleitores acham que o Congresso deveria iniciar procedimentos de impeachment já, enquanto 46% se declararam contra a abertura do processo (16% se disseram indecisos).

Em outra pesquisa, feita nos dias que antecederam o depoimento, 38% se declararam favoráveis à abertura do processo de impeachment e 50%, contrários. Ou seja, depois do depoimento, a percentagem de eleitores favoráveis ao impeachment caiu 1%, e a de eleitores contrários aumentou 4%.

Foi um banho de água fria nos democratas do país. Embora 64% dos eleitores registrados no Partido Democrata sejam favoráveis ao impeachment (e 8% são contrários), conforme revelou a última pesquisa, apenas 6% dos eleitores registrados no Partido Republicano são favoráveis (e 86% se opõem). Entre os eleitores “independentes”, 34% são a favor e 42% são contra.

Não importa se 64% dos eleitores democratas (ou mesmo 100%) sejam a favor do impeachment. Apenas com dois partidos políticos de expressão, qualquer processo de impeachment nos EUA tem de ser uma iniciativa bipartidária, porque são necessários dois terços dos votos no Senado para aprová-lo. E, quase sempre, cada partido tem cerca de metade dos votos apenas.

Um aspecto interessante da mentalidade dos eleitores americanos é o de que não lhes agrada a ideia de que o “nosso presidente” sofra impeachment. Foi assim com o ex-presidente Richard Nixon (embora alguns fatos tenham mudado a opinião pública no decorrer do processo de impeachment) e foi assim com o ex-presidente Bill Clinton.

E é o que está ocorrendo agora com Trump: 42% dos eleitores acham que a Rússia influenciou as eleições presidenciais de 2016 em favor de Trump, 22% acham que a Rússia interferiu nas eleições, mas não sabem se realmente ajudaram Trump; e apenas 17% pensam que a Rússia não interferiu nas eleições. Ou seja, 64% dos eleitores não veem limpeza na vitória de Trump, mas, mesmo assim, a maioria não quer o impeachment do presidente.

Parte dos eleitores também está mal informada sobre os resultados das investigações de Robert Mueller e sua equipe de 17 procuradores. O relatório da equipe diz, explicitamente, que não ia denunciar Trump, porque é uma política do Departamento de Justiça não indiciar um presidente em pleno exercício do cargo. Mas também não o inocentava.

Pois 35% dos eleitores consultados disseram acreditar que Mueller inocentou o presidente. E 25% deles não sabiam o que aconteceu (com um total de 60% de mal informados). Mas 40% sabia que o ex-procurador especial não inocentou Donald Trump.

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Segundo uma pesquisa de intenção de voto da Fox News, a emissora de TV que defende Trump na metade do dia e ataca os democratas na outra metade (ao contrário da CNN e da MSNBC), dois candidatos democratas bateriam Trump, “se as eleições fossem hoje”.

O ex-vice-presidente Joe Biden está 10 pontos na frente de Trump nas pesquisas: 49% a 39%. E o senador Bernie Sanders, que se declara socialista-democrata, está 6 pontos à frente do atual presidente e candidato à reeleição: 46% a 40%.

A pesquisa da Fox News também quis saber dos eleitores democratas e independentes que tipo de candidato democrata deveria vencer as eleições primárias do partido (aquele que vai enfrentar o republicano Trump nas eleições): se um candidato com capacidade de melhorar a economia ou um candidato com capacidade para vencer Trump.

Resposta: o candidato capaz de vencer Trump teve 56% das preferências, enquanto o candidato capaz de mudar a economia ficou com 41%.

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