Rompimento da barragem

Justiça de Minas Gerais bloqueia R$ 1 bilhão da Vale

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25 de janeiro de 2019, 23h32

O juiz Renan Chaves Carreira Machado, responsável pelo plantão judicial em Belo Horizonte, determinou o bloqueio de R$ 1 bilhão da Vale, que devem ser depositados numa conta judicial. A medida foi adotada na noite da sexta-feira (25/1) como forma de tentar amenizar as consequências dos danos ambientais e aos moradores da região de Brumadinho, onde uma barragem da empresa rompeu, espalhando lama contaminada com rejeitos de mineração.

Polícia Militar de Minas Gerais
"Dano humano" do rompimento da barragem de Brumadinho será maior que o de Mariana, diz presidente da Vale. PM de Minas confirmou sete mortos até a noite desta sexta-feira (25/1)
Polícia Militar de Minas Gerais

De acordo com o juiz, a responsabilidade da empresa pelo rompimento e os danos causados, uma "tragédia anunciada", é objetiva. Por isso, para concessão da tutela de urgência, ele dispensou a fase de produção de provas. O magistrado também destacou que a Vale registrou lucro de R$ 3,8 bilhões e distribuiu dividendos de US$ 1,1 bilhão só no terceiro trimestre de 2018. "Enfim, há um desastre humano e ambiental a exigir a destinação de recursos materiais para imediato e efetivo amparo às vítimas e redução das consequências", escreveu.

Além do bloqueio de dinheiro, o juiz também mandou a Vale começar a remoção do volume de lama e produzir relatórios semanais, a ser entregues ao Judiciário. A empresa também deve mapear o potencial de expansão do material vazado da barragem, o que deve ser o ponto de partida de um plano de recuperação, cuidar para que a lama não atinja áreas de nascente e captação de água e adotar medidas para controlar a proliferação de pragas causadoras de doenças.

As medidas foram pedidas pelo governo de Minas Gerais nesta sexta. Logo depois o rompimento da barragem, o presidente da Vale, Fábio Schvartsman, declarou não saber a origem nem a extensão dos problemas. Apenas lamentou que o “dano humano” deste episódio será maior que o constatado no rompimento da barragem da região de Mariana, ocorrido em 2015.

Depois do rompimento de Mariana, a Vale assinou um acordo com o Ministério Público, se comprometendo a adotar medidas para amenizar os impactos de suas barragens de rejeitos.

No rompimento da barragem Vale do Feijão, que aconteceu nesta sexta, moradores de Brumadinho disseram que a sirene para avisar de perigos relacionados à atividade de mineração não soou. E por isso diversas pessoas não conseguiram sair de casa a tempo. De acordo com o Corpo de Bombeiros de Minas, o rompimento desta sexta deixou entre 200 e 300 desaparecidos.

O governo de Minas também pediu que a Justiça bloqueie R$ 20 bilhões em ações da empresa nas bolsas de valores de São Paulo e Nova York, onde a Vale está listada, e o arresto de 10% do faturamento da companhia. Também pediu bloqueio de R$ 20 bilhões de bens em propriedades, detectadas pelo sistema Renajud.

Mas o juiz não viu urgência em adotar as medidas e pediu para a Vale se manifestar.

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