Eleições 2020

Impopularidade de Trump adianta corrida eleitoral nos EUA

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26 de janeiro de 2019, 11h36

Se a eleição fosse hoje, o presidente Donald Trump não seria reeleito. Três pesquisas divulgadas na quinta-feira (24/1) indicam que o índice de popularidade do presidente continua em declínio. Baixou para 40% segundo a pesquisa da Politico-Morning Consult, para 36% segundo a CBS News e para 34% segundo a Associated Press-NORC. Nunca esteve tão baixo.

Gage Skidmore
Gage SkidmoreÍndice de popularidade do presidente Donald Trump continua em declínio

Esses índices são significativos, uma vez que só dois partidos políticos concorrem à Presidência dos EUA – o Democrata e o Republicano. E animaram diversos políticos a adiantar a corrida eleitoral: 20 democratas já se lançaram – ou estão fazendo articulações para isso –, embora as eleições só ocorram em 3 de novembro de 2020.

A previsão é de que pelo menos 40 candidatos democratas irão lançar suas candidaturas em algum momento. A essa altura, todos acham que podem bater Trump.

E não são só democratas que pensam assim. Já surgiram nomes de 10 políticos republicanos, que consideram desafiar o presidente nas eleições primárias do Partido, nos primeiros seis meses de 2020. Na lista, estão nomes de peso, como os senadores Mitt Romney (que não confirmou), Jeff Flake, Bob Corker, Bem Sasse e Ted Cruz, o governador de Ohio John Kasich e a empresária Carly Fiorina.

Na lista dos democratas, os nomes mais populares são o do ex-vice-presidente Joe Biden, do senador Bernie Sanders (que disputou as primárias das eleições passadas com Hillary Clinton e perdeu), do ex-prefeito de Nova York, o milionário Michael Bloomberg, das senadoras Kirsten Gillibrand, Kamala Harris e Elizabeth Warren, do ex-secretário de estado John Kerry e da “personalidade televisiva” Oprah Winfrey. As candidatas acreditam que essa é a hora e vez das mulheres.

Alguns desses políticos já anunciaram oficialmente suas candidaturas, outros deixaram vazar informações sobre suas intenções de concorrer. Listas oficiais só serão conhecidas quando começarem os debates para as eleições primárias de cada partido. Mas só serão escolhidos para os debates na televisão os que alcançarem mais pontos nas pesquisas de intenção de votos à época. Por isso, têm de demonstrar, até lá, que são presidenciáveis e que realmente podem bater Donald Trump.

A força independente
Apesar de existir apenas dois partidos de expressão nos EUA, existem três forças eleitorais: os democratas, os republicanos e os independentes. Historicamente, os independentes, assim chamados porque não são filiados a qualquer dos partidos, constituem a maior força eleitoral dos EUA: eles é quem decidem as eleições (embora não participem da escolha dos candidatos oficiais de cada partido, porque só os eleitores filiados votam nas primárias).

Desde 2004, quando a Gallup passou a fazer pesquisas mensais sobre as forças eleitorais dos EUA, os independentes sempre foram maioria. Esse é o quadro de janeiro de 2018 a janeiro de 2019:

 

Republicanos

Independentes

Democratas

Janeiro de 2019

25%

39%

34%

Dezembro de 2018

26%

39%

32%

Novembro de 2018

28%

39%

31%

Outubro de 2018

29%

36%

35%

Setembro de 2018

26%

44%

27%

Agosto de 2018

28%

43%

27%

Julho de 2018

26%

41%

30%

Junho de 2018

27%

43%

29%

Maio de 2018

26%

43%

29%

Abril de 2018

24%

45%

29%

Março de 2018

23%

45%

29%

Fevereiro de 2018

28%

42%

27%

Janeiro de 2018

22%

44%

32%

Mas há nuanças a serem consideradas na configuração dos votos dos independentes. Em uma pesquisa de 2016 da Gallup, em que os independentes constituíam 42% do eleitorado (democratas 29% e republicanos 26%), apenas 12% foram considerados independentes “puros” – 16% tendem a votar com os democratas e 14%, com os republicanos).

Porém, isso representa o que os eleitores dizem para os entrevistadores da Gallup nas pesquisas por telefone. No dia das eleições, o que pesa é a visão dos eleitores sobre os benefícios que cada candidato democrata ou republicano pode trazer para eles e também para o país.

E pesa ainda a popularidade do presidente em exercício, obviamente. Na pesquisa da Associated Press (AP), 71% dos entrevistados que se disseram independentes declararam que desaprovam o governo Trump – um índice de rejeição significativamente alto. Pesquisa do jornal Político indicou que a taxa de reprovação de Trump é de 60%.

Historicamente, os estados predominantemente democratas elegem 242 delegados para o Colégio Eleitoral, que elege o presidente. Isso inclui votos de eleitores democratas e de independentes que votam com eles. Os estados predominantemente republicanos elegem 179 delegados.

A escolha dos demais 117 delegados, em 10 estados, é atribuída à força dos independentes, essencialmente. Em quatro estados (Florida, Carolina do Norte, Ohio e Virgínia) as eleições presidenciais são decidas por margens menores que 5%.

Fator paralisação do governo
A paralisação do governo, que durou 35 dias, até que foi temporariamente suspensa (por 21 dias) por um acordo entre Trump e parlamentares democratas nesta sexta-feira (25/1) causou danos à popularidade do presidente.

Segundo a pesquisa da AP, 60% da população atribui à Trump a responsabilidade pela paralisação. Desses, 36% acham que a responsabilidade também cabe aos parlamentares republicanos, que poderiam reverter um possível veto do presidente à lei orçamentária, mas não quiseram contrariá-lo. 31% dos entrevistados culpam os democratas.

A pesquisa do Político indicou que 54% dos entrevistados culpam Trump e os parlamentares republicanos pela paralisação. E 34% dos entrevistados culpam os democratas. Os democratas alegaram que a maioria da população não aprova a construção do muro. E que Trump estava mantendo 800 mil funcionários federais reféns, para chantagear o Congresso.

Dos 800 mil funcionários de órgãos federais afetados, cerca de 380 mil foram licenciados e 420 mil foram obrigados a trabalhar sem pagamento.

Esses funcionários estão fazendo filas enormes em “bancos de alimentos” (food banks), para pegar alguma comida de graça. Não têm dinheiro para pagar o aluguel, nem as contas do mês, com todas as consequências. Muitos estão fazendo “bicos”, para arrumar algum dinheiro.

A paralisação se deveu à insistência de Trump de só assinar a lei orçamentária, para cobrir custos dos órgãos federais por certo período, se o Congresso aprovasse uma verba de US$ 5,7 bilhões para ele construir o muro prometido em sua campanha presidencial.

Para adicionar insulto ao sofrimento, o secretário do comércio, Wilbur Ross, declarou, em entrevista televisada, que os funcionários passam dificuldades porque querem, uma vez que poderiam muito bem pegar empréstimos nos bancos.

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