Defesa institucional

Denúncia contra Santa Cruz é "tentativa espúria de calar a OAB", diz vice-presidente

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20 de dezembro de 2019, 21h07

Em entrevista à ConJur, o vice-presidente do Conselho Federal da OAB, Luiz Viana Queiroz lembrou de uma frase do icônico Sobral Pinto para comentar a recente denúncia do Ministério Público Federal de Brasília contra o presidente da entidade, Felipe Santa Cruz. “Sobral Pinto dizia que a advocacia não é uma profissão para covardes. Ao pensar sobre esse episódio me dei conta que a história da nossa entidade exige que seu presidente fale sem medo. Eu diria que o presidente da OAB fala da ‘tribuna livre dos homens de coragem’. E o Felipe Santa Cruz tem cumprido o papel que a história da OAB impõe ao seu presidente”, diz.

Eugênio Novaes
Luiz Viana Queiroz outorgou procuração para que o conselho defenda a OAB institucionalmente no processo contra o presidente Felipe Santa Cruz
Crédito: Eugênio Novaes

Viana classifica a denúncia e o pedido de afastamento de Santa Cruz como uma “tentativa espúria de calar a OAB” e garante que isso não vai acontecer. “Esse pedido de afastamento não tem amparo constitucional e é um ato ilícito praticado com abuso de poder”, argumenta. Ele ainda afirma que espera que o ato do MPF-DF seja alvo de apuração do Conselho Nacional do Ministério Público.

“Outorguei procuração a advogados, nossos ex-presidentes e aos diretores atuais para habilitarem a OAB no processo e atuarem na defesa da instituição. Esse tipo de ação do MPF-DF é uma tentativa de criminalizar o exercício do direito de criticar e isso é próprio das almas mesquinhas”, afirma.

O vice-presidente do Conselho Federal da OAB também cita uma coletânea de teses de crimes contra a honra divulgadas em agosto deste ano pelo Superior de Justiça para justificar as declarações de Santa Cruz. “Uma delas diz que mesmo as expressões mais duras quando feitas no exercício do direito de criticar não configuram crime contra honra. Falta o dolo específico”, explica.

Viana também reconheceu que atualmente existe um esgarçamento das relações entre a OAB e o Ministério da Justiça. Recentemente Felipe Santa Cruz revelou que não era recebido por Sergio Moro. A declaração foi confirmada pelo ministro que ainda disse que receberia o presidente da OAB quando ele deixasse de se portar como um “militante”. A tréplica de Santa Cruz foi de que ele era mesmo um militante. “Um militante do Estado Democrático de Direito e dos Direitos Humanos”.

“Penso que as relações institucionais devem estar acima das relações pessoais. Espero que isso seja superado. Penso que o ministro da Justiça não pode deixar de receber o presidente da Ordem para discutir temas de interesse da República e da advocacia”, afirma Viana.

“Falar não é apenas um direito do Felipe Santa Cruz. É um dever. Ele tem o dever de defender o Estado Democrático de Direito, os Direitos Humanos e a Justiça Social. Isso está no juramento que nós fizemos”, argumenta.  

OAB-RJ
Quem também se manifestou em apoio a Felipe Santa Cruz foi a Comissão de Defesa do Estado Democrático de Direito da OAB/RJ que classificou o episódio como “aberração jurídica”.

“No passado, várias foram as tentativas de calar a voz da OAB. Basta aqui lembrar dolorosamente a bomba dirigida ao presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, doutor Eduardo Seabra Fagundes, que matou covardemente a sua secretária, senhora Lida  Monteiro. Mas jamais com a participação do Ministério Público”, diz trecho da nota.

Clique aqui para ler a nota da Comissão de Defesa do Estado Democrático de Direito da OAB/RJ

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