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Jurista alemão fala sobre decepção com sentenças condenatórias de Auschwitz

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8 de dezembro de 2019, 9h51

Nos anos de 1960, Gerhard Wiese atuava na Promotoria em Auschwitz, na Alemanha. Ele foi um dos primeiros a participar do julgamento sobre os crimes cometidos pelos nazistas nos campos de concentração. 

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Campo de concentração de Auschwitz (POL)

Hoje, aos 91 anos, o jurista alemão é o último promotor envolvido no processo que está vivo. Em entrevista à agência de notícias alemã Deutsche Welle (DW), ele refletiu sobre a atuação da acusação à época e se disse decepcionado com as sentenças aos acusados.

De acordo com o jurista, eles fizeram um acordo com o procurador-geral para apresentar uma moção para que todos os acusados fossem punidos, pelo menos, por cumplicidade. "Auschwitz era uma operação de extermínio em escala industrial. E todos os que participaram eram parte da máquina do crime. A punição deveria depender da função", explicou ao DW.

No entanto, o tribunal do júri não acolheu o parecer da promotoria e "trabalhou estritamente de acordo com o Direito Penal vigente. O que é que ele fez? Podemos provar isso? Se assim for, ele será condenado. Se não, absolvido". Os julgamentos duraram quase dois anos e o jurista pediu a prisão perpétua para todos os acusados. Ao final, seis receberam a pena.

Ele foi categórico ao dizer sua percepção dos acusados: "um grupo de pessoas normais, nada de chamar a atenção: comerciantes, funcionários de banco, médicos… Ninguém podia negar que esteve em Auschwitz. Mas todos se fizeram de ‘bom moço’, disseram que não fizeram nada de ruim. Não havia vestígios de remorso".

Questionado sobre a disposição das autoridades da época em ajudar na investigação, ele contou que o presidente da Comissão Internacional de Auschwitz, Hermann Langbein, foi um prisioneiro e cooperou no contato com outros antigos prisioneiros.

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