Monumento à vaidade

Por marketing, Deltan Dallagnol propôs monumento à "lava jato"

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21 de agosto de 2019, 11h11

Fernando Frazão/Agência Brasil
Numa busca desenfreada para tentar apoio para as contestadas medidas contra a corrupção, o procurador Deltan Dallagnol propôs a colegas um concurso para construir um monumento à operação "lava jato". O entusiasmo dele e dos colegas, no entanto, foi freado pelo agora ministro Sergio Moro.

Fernando Frazão/Agência Brasil
Fernando Frazão/Agência Brasil
O procurador Deltan Dallagnol, que teve mensagens vazadas 
Fernando Frazão/Agência Brasil

"Precisamos de estratégias de marketing. Marketing das reformas necessárias", disse Deltan em grupo de conversa com colegas em maio de 2016. As mensagens foram obtidas pelo site The Intercept Brasil e publicadas pela Folha de S.Paulo.

Segundo o jornal, o monumento seria erguido em Curitiba, com objetivo de virar um ponto turístico. Deltan até descreveu como seria a obra: "A minha primeira ideia é esta: Algo como dois pilares derrubados e um de pé, que deveriam sustentar uma base do país que está inclinada, derrubada. O pilar de pé simbolizando as instituições da justiça. Os dois derrubados simbolizando sistema político e sistema de justiça…"

O então juiz Sergio Moro foi contra a ideia. Primeiro, disse que seria melhor esperar a operação terminar. Depois, após a insistência de Dallagnol, ele escreveu: "Melhor deixar para depois. Em tempos de crise, o gasto seria questionado e poderia a iniciativa toda soar como soberba". Para Moro, iniciativas que soam como homenagens "devem vir de terceiros".

Os procuradores, por meio da assessoria, voltaram a afirmar que "não reconhece as mensagens que lhe têm sido atribuídas". "O material é oriundo de crime cibernético e sujeito a distorções, manipulações e descontextualizações."

Busca por marketing
A busca por marketing não é uma novidade na operação. Mensagens divulgadas anteriormente mostram Deltan pedindo que Moro autorizasse o uso de dinheiro em poder da 13ª Vara Federal de Curitiba para bancar uma campanha publicitária a favor da "lava jato".

A ideia do chefe da força-tarefa de Curitiba era que a vara financiasse a produção de um vídeo a ser veiculado na TV Globo para divulgar os projetos de reformas legais que os procuradores chamaram de "dez medidas contra a corrupção".

Antes mesmo da divulgação dessas mensagens, reportagem da ConJur mostrou que os procuradores da operação "lava jato" transformaram o acordo de leniência com a Rodonorte, concessionária de rodovias, numa ação de marketing. Parte do acordo é que a empresa dará desconto de 30% no pedágio das estradas do Paraná. Outra parte exige que a empresa diga que o desconto está sendo dado por causa dos bons préstimos da operação "lava jato" ao povo paranaense.

Para advogados, os procuradores tiraram a máscara do combate à corrupção com a assinatura do acordo. Segundo eles, a cláusula de marketing deixou claro que a “lava jato” está mais ligada aos planos políticos de seus protagonistas do que ao combate ao dito “crime de colarinho branco”.

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