"Vaza Jato"

Moro orientou procuradores a não apreender celulares de Eduardo Cunha

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12 de agosto de 2019, 20h27

No dia anterior à prisão de Eduardo Cunha (MDB-RJ), o então juiz encarregado da "lava jato", Sergio Moro, atuou para convencer os procuradores da força-tarefa a não pedir a apreensão dos telefones celulares do ex-presidente da Câmara dos Deputados. 

Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Moro nega autenticidade das mensagens

A informação foi obtida por meio da análise de diálogos que integram o pacote de mensagens enviados ao site The Intercept Brazil por fonte anônima e foi publicada em parceria com o BuzzFeed News

Os diálogos entre Moro e os investigadores ocorreram no dia 18 de outubro de 2016. Neles, o procurador Deltan Dallagnol pediu uma reunião com Sergio Moro para tratar de um pedido de apreensão dos telefones de emedebista.

No arquivo não consta nenhuma menção ao que foi discutido na reunião presencial entre o juiz e o procurador. No entanto, Deltan Dallagnol enviou às 14h16 uma mensagem em que diz que, após levar em consideração o que foi dito pelo juiz, a força-tarefa desistiu de pedir apreensão dos celulares. 

“Cnversamos (sic) qui e entendemos que não é caso de pedir os celulares, pelos riscos, com base em suas ponderações”, escreveu o procurador. No dia seguinte às conversas entre os dois, 19/10, Eduardo Cunha foi preso em Brasília.

Já detido, Eduardo Cunha questionou agentes da PF sobre se deveria ou não entregar seu aparelho celular e recebeu uma resposta negativa, segundo seus advogados.

Tanto a força-tarefa da Lava Jato como o Ministério da Justiça declararam que os celulares de Eduardo Cunha já haviam sido apreendidos anteriormente. A alegação se refere ao dia 15 de dezembro de 2015. Na ocasião, Eduardo Cunha teve seu telefone recolhido na operação catilinárias.

O questionamento do BuzzFeed News e do Intercept, no entanto, se refere ao diálogo do dia 18/10 de 2016, dez meses depois da apreensão citada por procuradores e pelo Ministério da Justiça.

Em resposta a reportagem, Moro informou novamente que "não reconhece a autenticidade das mensagens obtidas por meio criminoso", e a força-tarefa da "lava jato" alegou que os celulares de Eduardo Cunha "já tinham sido apreendidos por ordem do Supremo Tribunal Federal."

Eduardo Cunha mantinha em seu telefone conversas com detentores de foro especial. Essa particularidade poderia fazer com que as investigações fossem transferidas da força-tarefa em Curitiba para a PGR.

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