"Perseguição Real"

Procuradores da "lava jato" dizem que não vazaram documento de Odebrecht

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18 de abril de 2019, 17h47

Após reportagem da ConJur mostrar que o trecho da delação de Marcelo Odebrecht em que ele menciona o ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal, foi vazado antes de ser enviado à Procuradoria-Geral da República, os procuradores do caso dizem que só acessaram o sistema duas horas depois que a reportagem da revista Crusoé foi ao ar.  

Em uma certidão, os procuradores da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba demonstram que eles só acessaram os autos em que foi juntado o documento de que trata a matéria da revista Crusoé às 22h04 de 11/04/2019. "Portanto, após a publicação da notícia sobre o assunto no site da revista e no site O Antagonista. A referida matéria estava disponível, pelo menos, desde às 20h01 de 11/04/2019", diz a nota.

Os registros apresentados pelo MPF começam no dia 11/4 e mostram os acessos até o dia 15/4, mas não mostram nada referente a datas anteriores.

A reportagem da Crusoé foi publicada na quinta-feira passada (11/4), citando um documento juntado ao processo contra a Odebrecht na Justiça Federal em Curitiba. Segundo o site, as informações tinham sido encaminhadas à PGR. No entanto, o desentranhamento do documento, ou seja, sua retirada dos autos e envio à PGR, só foi pedido na sexta (12/4). Tanto é que a própria Procuradoria-Geral desmentiu a versão de que havia recebido o documento até aquele momento.

Segundo os procuradores, a “tentativa leviana de vincular o vazamento a procuradores é apenas mais um esforço para atacar a credibilidade da força-tarefa e da operação, assim como de desviar o foco do conteúdo dos fatos noticiados”.

“Diante do fato de que o documento foi produzido por particular e que a ele potencialmente tiveram acesso várias pessoas, a acusação – infundada, como provado – ignora a participação de outros atores no inquérito. Nesse contexto, a acusação direcionada aos procuradores levanta suspeita sobre a isenção de quem a realiza e sobre a real intenção de quem os persegue”, afirmam os procuradores. 

Discussão Aflorada
A reportagem em questão foi alvo do ministro Alexandre de Moraes, também do STF, que ordenou a retirada do ar da reportagem da Crusoé e de uma nota do site O Antagonista repercutindo a notícia original.

Na decisão, o ministro afirma que a proteção constitucional à liberdade de imprensa não impede a responsabilização posterior por eventuais informações injuriosas, difamantes, mentirosas e em relação a eventuais danos materiais e morais.

Clique aqui para ler o documento do MPF.

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