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Dodge pede vista em ação do STF sobre fundo bilionário do MPF

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9 de abril de 2019, 17h01

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu vista dos autos da ação por descumprimento de preceitos fundamentais em que questionou a criação de uma fundação para gerir recursos pagos pela Petrobras em decorrência de acordo firmado com autoridades dos Estados Unidos.

Associação Nacional dos Procuradores da República / ANPR
Procuradora-geral Raquel Dodge defende que dinheiro da Petrobras seja usado em projetos do MEC. ANPR

Apresentado nesta segunda-feira (8/4), o pedido foi encaminhado ao relator da ação, ministro Alexandre de Moraes, e tem o propósito de viabilizar a análise das informações já prestadas pelos envolvidos, bem como a definição de novas providências.

Também foi solicitado que a Caixa Econômica Federal mantenha a remuneração de 100% da taxa Selic sobre o valor depositado pela estatal. A medida é necessária para preservar a equivalência cambial e evitar perdas financeiras para o Brasil, destinatário do dinheiro.

Na petição, Raquel Dodge destaca que as razões técnicas e jurídicas que fundamentaram os dois acordos celebrados entre a Petrobras e as autoridades norte-americanas não são objeto da ADPF. O que se busca com a ação é assegurar a correta aplicação dos recursos disponibilizados pela empresa em cumprimento aos acordos de não persecução penal validamente celebrados entre Petrobras e U.S. Department of Justice e a Securities and Exchange Commission.

Lembra ainda que já houve manifestação da estatal, da Advocacia-Geral da União, além de informações prestadas pela 13ª Vara Federal de Curitiba e que, neste momento, é importante fazer uma análise preliminar do estágio da ação, de forma a contribuir para o adequado encaminhamento do tema.

Em relação à manifestação apresentada pela AGU, Raquel Dodge afirma que a instituição inova de modo inaceitável no processo ao defender "sua prerrogativa e sua legitimidade exclusivas para celebrar acordos de leniência, matéria que nada tem a ver com esta ação de descumprimento de preceito fundamental". Em um dos trechos do documento apresentado ao STF, a AGU defende a aplicação da Lei 12.846/2013 – que disciplina este instrumento – e afirma que cabe à Controladoria-Geral União (CGU) conduzir o procedimento.

Melhor destinação
Ao tratar do mérito da ADPF, a procuradora-geral sugere que o dinheiro seja repassado ao Ministério da Educação. A providência preserva a exigência estabelecida no acordo com autoridades dos Estados Unidos, de que os recursos não se convertam de forma direta ou indireta em benefícios para a Petrobras.

"A solução a ser dada para o destino desta verba, nesta ação, deve, por dever moral e constitucional, estar em consonância com os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil estabelecidos no artigo 3º da Constituição", destacou. Para ela, o alcance desses objetivos constitucionais "dependem de educação de qualidade, que se inicia pela formação das crianças na educação básica, que dever ser financiada em favor da sociedade, de forma impessoal, transparente, pública e eficiente".

Ainda na manifestação, Raquel Dodge frisou ser importante prever eventual indenização a acionistas minoritários da Petrobras no Brasil, assim como ocorreu nos Estados Unidos. Com informações da Assessoria de Imprensa do MPF. 

ADPF 568
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