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Juiz de 1º grau precisa ter cautela ao ordenar prisão preventiva, diz Noronha

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6 de setembro de 2018, 10h27

Os juízes de primeiro grau têm agido sem cautela ao decretar prisões preventivas. Com isso, geram um desequilíbrio entre o Ministério Público e o Judiciário, afirmou o recém-empossado presidente do Superior Tribunal de Justiça, João Otávio de Noronha.

Gustavo Lima
Noronha garantiu que STJ julgará Lula como faria com qualquer outro réu.
Gustavo Lima

“A decisão é do Judiciário, temos que assumir o erro. Concordo que o juiz é premido pelo tempo e tem uma natureza cautelar, mas tem de haver cautela. Vivemos um momento de perplexidade. Atualmente, o juiz prende, tribunal solta, e MP se excede. Esse país não pode ter tantas leis assim”, destacou o ministro em café da manhã com jornalistas na manhã desta quarta-feira (5/9).

Noronha também citou que é preciso haver uma reforma do Judiciário. Para o ministro, a operação “lava jato” foi um bom exemplo de tudo que não deve ser feito no Brasil.

“Além disso, mostrou que é preciso ter uma reforma do judiciário.  Precisamos redefinir as competências do Supremo e os tribunais. As críticas estão aí e não falamos nada. Nós temos que prestigiar mais decisões de tribunais inferiores e padronizar o trabalho, cobrar mais”, apontou.

Caso Lula
Sobre os recursos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação à inelegibilidade e liberdade, o ministro garantiu que o petista não será tratado de forma diferente pelos ministros. “Posso afirmar que, chegando ao STJ, esse processo será julgado entre 30 e 40 dias. Não se julga o processo pela capa. Todo mundo tem que ter o mesmo tratamento”, disse.

Segundo o ministro, o parecer  do Comitê de Direitos Humanos da ONU para garantir os direitos políticos de Lula é apenas uma opinião. “Nenhum tribunal vai se curvar a isso. O Brasil não é colônia, é um país independente. O Brasil não está subordinado a isso. A Justiça não pode se curvar a interesses políticos e precisa trabalhar com planejamento estratégico". ”, disse.

Sem opinião
Noronha foi corregedor nacional de Justiça por dois anos. Em relação a magistrados que julgam magistrados, o ministro afirmou que é preciso chegar a uma solução.

“Um juiz de primeiro grau que enfrenta uma decisão formada do Supremo é um assunto complicado e delicado. Eu ainda não tenho opinião formada”, declarou.  Segundo ele, a expectativa é que, até o fim do ano, este assunto esteja definido pelo STJ.

Para Noronha, “essa falação fora dos autos não é boa para a democracia. Temos recomendação expressa na Constituição. Muita gente querendo aparecer. É bom que trabalhe mais e apareça menos”, ressaltou.

Demora no trâmite
O novo presidente afirmou também que haverá uma força-tarefa para baixar rápido o estoque penal do STJ, que atualmente conta com 11 mil processos.

"Em matéria de gestão, não podemos cruzar os braços. é um problema do tribunal e, para isso, estou promovendo essa ação. Dentro de um ano estaremos em um patamar razoável”, disse. 

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