Fechamento do STF

Fala de Eduardo Bolsonaro é golpista e autoritária, diz Celso de Mello

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22 de outubro de 2018, 10h45

É inconsequente e golpista a declaração de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) de que o Supremo Tribunal Federal pode ser fechado caso contrarie os interesses do seu pai, o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL). Quem afirma é o ministro Celso de Mello, decano do STF, em resposta aos ataques contra a corte.

Carlos Moura/SCO/STF
Ministro Celso de Mello classificou fala de Eduardo Bolsonaro como "inaceitável visão autoritária".
Carlos Moura/SCO/STF

Deputado federal eleito com mais votos na história das eleições brasileiras, Eduardo disse em julho em uma aula para concurseiros da Polícia Federal que o tribunal poderá ser fechado, e seus ministros, presos. O vídeo foi divulgado apenas neste domingo (21/10).

Em nota à jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, o ministro Celso de Mello classificou a fala como "inaceitável visão autoritária".

Ao perceber o estrago provocado pela fala de Eduardo, Jair Bolsonaro atribuiu problemas psiquiátricos ao filho, segundo publicou o site do jornal O Globo. "Se alguém falou em fechar o STF, precisa de psiquiatra", disse.

Opinião reforçada
Presidente da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcos da Costa reforça a opinião do decano e diz que as afirmações de Eduardo Bolsonaro "espelham os atuais dias de inconsequente radicalismo político". "É imprescindível que todos, mas especialmente os representantes eleitos pelo povo, busquem a promoção da paz social, que se inicia com o respeito às instituições, como único caminho para o desenvolvimento social e econômico da nação."

O Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) também emitiu nota repelindo as "declarações estapafúrdias" de Eduardo Bolsonaro. A entidade diz que, "neste momento, em que se apregoam ameaças às instituições democráticas do País, reafirma sua posição de não transigir com o autoritarismo político e estará ao lado de todos os democratas na defesa dos valores constitucionais".

Leia a nota do ministro Celso de Mello:

ESSA DECLARAÇÃO, ALÉM DE INCONSEQUENTE E GOLPISTA, MOSTRA BEM O TIPO (irresponsável) DE PARLAMENTAR CUJA ATUAÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL, mantida essa inaceitável visão autoritária, SÓ COMPROMETERÁ A INTEGRIDADE DA ORDEM DEMOCRÁTICA E O RESPEITO INDECLINÁVEL QUE SE DEVE TER PELA SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA!!!! VOTAÇÕES EXPRESSIVAS DO ELEITORADO NÃO LEGITIMAM INVESTIDAS CONTRA A ORDEM POLÍTICO-JURÍDICA FUNDADA NO TEXTO DA CONSTITUIÇÃO! SEM QUE SE RESPEITEM A CONSTITUIÇÃO E AS LEIS DA REPÚBLICA, A LIBERDADE E OS DIREITOS BÁSICOS DO CIDADÃO RESTARÃO ATINGIDOS EM SUA ESSÊNCIA PELA OPRESSÃO DO ARBÍTRIO DAQUELES QUE INSISTEM EM TRANSGREDIR OS SIGNOS QUE CONSAGRAM, em nosso sistema político, OS PRINCÍPIOS INERENTES AO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO!”.

Leia a nota do IAB:

O Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), respaldado no seu Estatuto e no juramento de seus associados de defender a legalidade democrática, vem a público repelir com veemência declarações estapafúrdias do deputado federal Eduardo Bolsonaro sobre o possível fechamento do Supremo Tribunal Federal.

Nos seus 175 anos de existência, o IAB sempre foi porta voz das aspirações libertárias e dos direitos e garantias fundamentais dos cidadãos brasileiros. Durante a ditadura militar, implantada com o golpe de 1964, o Instituto manteve posições firmes e corajosas de combate ao rompimento da ordem institucional.

Neste momento, em que se apregoam ameaças às instituições democráticas do País, o IAB reafirma sua posição de não transigir com o autoritarismo político e estará ao lado de todos os democratas na defesa dos valores constitucionais”.

*Texto alterado às 13h01 do dia 22/10/2018 para acréscimo de informações.

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