Ditadura ideológica

MP investiga jogo em que Bolsonaro luta contra movimentos sociais

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11 de outubro de 2018, 16h56

O Ministério Público do Distrito Federal vai investigar jogo que torna o candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro, protagonista de uma "luta contra os males do comunismo" cuja missão final é eliminar uma "ditadura ideológica".

ReproduçãoNo jogo, Bolsonaro é protagonista de uma "luta contra os males do comunismo"

No entendimento do Ministério Público, o jogo possui clara intenção "de prejudicar candidato à Presidência da República e com isso embaraçar as eleições 2018, além de causar danos morais coletivos aos movimentos sociais, gays e feministas".

A Comissão de Proteção dos Dados Pessoais e do Núcleo de Enfrentamento à Discriminação, abriu, nesta quarta-feira (10/10), inquérito civil público para investigar a BS Studios, startup que desenvolveu jogo em que o personagem 'Bolsomito' ganha pontos ao matar minorias. O jogo é comercializado pela plataforma digital Steam, especializada na distribuição de videogames.

Na descrição do jogo, a explicação que consta é: “Derrote os males do comunismo nesse game politicamente incorreto, e seja o herói que vai livrar uma nação da miséria”. Bolsonaro aparece espancando e matando feministas, sem-teto, pessoas LGBT, os chamados "inimigos" do jogador.

O objetivo do jogo é encarnar o candidato de extrema direita para resolver os que seriam os problemas do país. “Esteja preparado para enfrentar os mais diferentes tipos de inimigos que pretendem instaurar uma ditadura ideológica criminosa no país. Muita porrada e boas risadas”, continua a descrição.

A Valve Corporation, responsável pela Steam, será notificada para que interrompa a disponibilidade do jogo "Bolsomito 2k18" na plataforma de games, bem como informe os dados cadastrais dos responsáveis pelo jogo. O Centro de Produção, Análise, Difusão e Segurança da Informação do MP também vai trabalhar para identificar e qualificar os responsáveis pela BS Studios.

Desequilíbrio no pleito
A manifestação acontece após pedido dos advogados do candidato. Karina Kufa, Amilton Kufa e Tiago Ayres enviaram uma representação à Procuradoria-Geral da República em que sustentam que, por estar em período eleitoral, o jogo prejudica a candidatura e imagem do candidato.

De acordo com o documento, o desenvolvedor do site usa imagem e nome do candidato para vender o jogo que dissemina ódio e incita a violência. Os advogados, no entanto, defenderam que isso é totalmente contrário ao que prega Bolsonaro, “diversamente do que tentam fazer com que a população acredite”.

Além disso, os advogados argumentaram que a conduta da BS Studios pode configurar falsidade ideológica, "uma vez que o usuário é induzido a erro quanto à pessoa que seria proprietário do game, uma vez que se utiliza do nome e imagem do primeiro representante".

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