Voz de prisão

Candidato a governador do Rio, Witzel ameaça prender Paes por "mentiras"

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9 de outubro de 2018, 19h54

O candidato ao governo do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC), ex-juiz federal, ameaçou seu oponente no segundo turno, Eduardo Paes (DEM), afirmando que vai mandar prendê-lo em flagrante por injúria se o ex-prefeito da capital fluminense “falar mentiras” em debate.

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Paes receberá voz de prisão de "falar mentiras", ameaçou Wilson Witzel.

Em transmissão ao vivo feita por sua página no Facebook nesta segunda-feira (8/10), Witzel, que obteve 41,28% dos votos válidos para governador no primeiro turno, acusou Paes — escolhido por 19,56% dos fluminenses — de disseminar fake news (notícias falsas) contra ele.

“Como magistrado, fui juiz durante 17 anos, a gente tem uma capacidade, viu candidato adversário, uma capacidade muito superior que você imagina para fazer algumas avaliações. E essas fake news que estão ocorrendo hoje, você vai ser responsabilizado por todas, porque você e o seu grupo estão colocando elas na internet. Não tem outro adversário, é só você. Você saia do armário, ta. Mostre a sua cara”, disse o ex-juiz, sem apontar que notícias o ex-prefeito do Rio estaria compartilhando.

Defensor do endurecimento na repressão a crimes, Witzel subiu o tom e ameaçou dar voz de prisão a Eduardo Paes se ele “falar mentira ao vivo” em um debate.

“E vá no debate falar essas mentiras que você vai ver a resposta. Agora, cuidado, que o crime de injúria está sujeito à prisão em flagrante, viu? Dá uma ‘estudadinha’, conversa com seus advogados, porque se você falar mentira ao vivo, eu vou te dar voz de prisão. Vai ser o primeiro candidato a governador que vai ter voz de prisão ao vivo, em um debate. Eu avisei ao Garotinho, se ele fizesse isso, que eu daria voz de prisão a ele. Nós sairíamos dali para uma delegacia, para lavrar o auto de prisão em flagrante. Evidente, se você não quiser se submeter, à Lei 9.099/1995, que é o termo circunstanciado. Mas é um aviso que eu te dou. Cuidado com a sua língua. Porque você sabe que a língua é o chicote do rabo, diz um ditado popular.”

Sem “carteirada”
Em resposta, Eduardo Paes negou estar produzindo fake news e declarou que “ser candidato não é igual estar numa sala de juiz e assinar coisas”. O ex-prefeito do Rio também criticou a ameaça.

“Ele (Witzel) vai ter que aprender que governar não é um ato arbitrário e de autoritarismo. Vi na nota dele sobre essa história da [vereadora assassinada] Marielle [Franco] uma resposta ameaçadora inclusive para o jornal. Estamos vivendo um país livre, agora não pode mais questionar? Quer vir para um debate eleitoral e está achando que é o dono da verdade”, destacou Paes, citando a quebra de uma placa com o nome de Marielle em um ato de campanha de Witzel.

Nesta terça (9/10), Paes publicou vídeo no Facebook comentando que o ex-juiz foi atacado por diversas vezes em debates no primeiro turno, mas não deu voz de prisão a nenhum dos candidatos.

“Eu fiquei curioso, porque durante o primeiro turno, em duas oportunidades, o candidato Romário chamou ele de 'frouxo', e eu não vi ele dando voz de prisão nenhuma. Depois, eu vi o candidato Indio o chamando de 'mentiroso', e também não vi ele dando voz de prisão nenhuma. Depois, foi o candidato Garotinho dizendo que Witzel ofereceu para ele favores na Justiça Federal. E mais uma vez eu não vi ele dando voz de prisão pra ninguém. Eu não entendi. Será que ele concordou com tudo que disseram? Ele não se sentiu injuriado?”

Além disso, o ex-prefeito do Rio apontou que, no debate eleitoral, não há espaço para “carteirada”. “Nós estamos aqui para o debate eleitoral, nós vamos discutir proposta para nosso estado e falar, sim, das características de cada candidato. Aqui não vai funcionar carteirada, não!”

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