Intenção de voto

Nas eleições para a OAB-SP, pesquisa do Ibope passou longe da voz das urnas

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30 de novembro de 2018, 20h42

Finalizada oficialmente a contagem de votos para presidência da OAB de São Paulo, na noite desta sexta-feira (30/11), as urnas informaram que Caio Augusto Silva dos Santos vai dirigir a seccional no próximo triênio. Ele foi eleito com 51.741 votos, o que representa 28,9% dos votos válidos.

Parte da surpresa com os resultados acontece porque uma pesquisa do Ibope, encomendada por apoiadores da situação e divulgada pela ConJur no início de outubro, indicava nova reeleição de Marcos da Costa, que está no cargo há seis anos. Segundo o Ibope, Marcos era favorito nas eleições e contaria com 35% dos votos, enquanto Caio Augusto teria apenas 4%, num tímido terceiro lugar.

A vida real discordou do Ibope. Marcos da Costa teve 43.176 votos correspondentes a 24% do eleitorado que votou. Leonardo Sica, que aparecia com 3% das intenções, foi o terceiro, com 29.486 (16,4%). Seguido de Sergei Cobra com 14,2% e Antonio Ruiz Filho com 6,15%. O total de votos branco e nulos somou 10%.

À época da pesquisa, procurado, o Ibope não informou quantas pessoas foram ouvidas, em que período ou localidade. A ConJur questionou nesta sexta o motivo da espantosa variação entre a projeção e o resultado nas urnas, já que nas últimas semanas não foram registrados fatos novos nem se percebeu qualquer investida de mídia extraordinária da parte dos emergentes na pesquisa. Mas fiou-se na reputação que o Instituto tinha até então. A empresa não quis responder pergunta alguma.

Para Marcos da Costa, a pesquisa retratou um momento. “Eu não defino eleição, ela é decidida na urna. Era uma eleição disputada e a pesquisa não foi feita no momento eleitoral e, sim, antes“. Tecnicamente, a explicação é válida. A proporção do desvio, não. Marcos da Costa afirma ainda que respeitou os adversários nas vitórias e também respeitará nas derrotas. “A classe escolheu o Caio Augusto. Espero que ele tenha uma grande administração, porque vai ser bom para a advocacia e para a entidade.”

Mas o Ibope tem que explicar como pode um candidato com avaliação “ótima/boa” de 55% e regular de 28% não ter sido eleito. Para um especialista ouvido pelo site, uma derrota só aconteceria se houvesse uma hecatombe. “Algo quase impossível para quem tem mais de 80% de avaliações positivas." Mesmo com 60% de avaliações positivas o candidato teria ao menos 33% dos votos, avaliou o técnico. A não ser que o Instituto tenha cometido o chamado “erro amostral”. Ou seja, não escolheu direito o grupo de eleitores para captar a realidade do momento.

Se a pesquisa influiu no resultado da votação, é difícil quantificar. Da mesma forma que é difícil afiançar que o Ibope, efetivamente, retratou a vontade do eleitor. Ainda que mais de um mês antes do pleito.

O candidato Leonardo Sica foi incisivo ao classificar a pesquisa como “enganosa, porque encomendada antes do tempo. Na verdade, mediu apenas o conhecimento do nome da pessoa, não a intenção de voto”. Sergei Cobra e Antonio Ruiz Filho, por meio de suas assessorias de imprensa, afirmaram que não se manifestam sobre a pesquisa. A reportagem não conseguiu fazer contato com Caio Augusto ou com o comando de sua campanha.

Veja as notas abaixo:

Sergei Cobra Arbex
Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé! Obrigado pelos mais de 25 mil votos de advogadas e advogados que votaram na chapa 16 e que tive a honra e a alegria de encabeçar em razão da competência, coragem e garra do time todo! Fiz amigos e amigas para vida. Obrigado Advocacia por confiar na gente e no nosso projeto! Vamos à luta com as graças de Deus. Obrigado João Biazzo pela parceria. E parabéns à chapa 11 que venceu e a quem desejamos sucesso na gestão.

Antonio Ruiz Filho
O advogado Antonio Ruiz Filho se manifestará sobre as eleições para a presidência da OAB em um artigo, que será divulgado no início da semana.

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