Opinião

Por que quero presidir a Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso do Sul

Autor

  • Raquel Magrini

    é advogada sócia do escritório Magrini Neto Advogados presidente da Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica seção MS

6 de novembro de 2018, 15h53

*Este artigo foi produzido como parte da campanha da eleição da OAB-MS.

Disponibilizei o meu nome para a disputa ao cargo mais elevado de nossa instituição por entender que a solução de nossos problemas passam pela inclusão de todos os seguimentos da advocacia nas discussões da Ordem.

Sendo douradense, com advocacia estabelecida nesta capital e tendo percorrido todas as subseções do estado, pude perceber que a advocacia é carente. Carente, principalmente, de uma efetiva representatividade e do respaldo eficaz de suas reivindicações.

A advocacia é carente, também, porque a própria instituição vem se fragilizando ao longo dos anos, ao se distanciar das questões da classe, mantendo uma hegemonia de poder que pode chegar a quase uma década. Tais constatações não passam despercebidas e o movimento que quer o fim das reeleição para a presidência da OAB está ganhando força em todo o país. 

O advogado do interior não é diferente do advogado da capital, mas é o que encontra maior dificuldade para o exercício da profissão, porquanto está mais próximo das mazelas setoriais e do cotidiano duro imposto por uma cultura opressora, onde muitos juízes que nunca foram advogados efetivamente atuantes, não são dotados da sensibilidade que se espera na formação humanística que se exige nos concursos atuais.

Além disso, por estarem distantes da nossa instituição, aquelas autoridades que exercem o seu múnus público, sem o olhar destacado da seccional, muitas das vezes violando as nossas mais caras prerrogativas e não recebendo a devida reprovação, prevista no Estatuto e, tornam um hábito — o que é um absurdo. Para essa situação, o único meio de enfrentamento é ter respeito e transparência, o que não se pode dizer da atual gestão.

Eu quero ser presidente da OAB do Mato Grosso do Sul porque acredito no projeto que estamos criando de forma ampla, democrática e porque estamos em sintonia com todos os setores da advocacia, o que se reflete na maior chapa registrada nos últimos pleitos, em número e em representatividade setorial. Há desde os advogados públicos até os advogados que individualmente sofrem com a falta de acessibilidade (inclusive na própria sede da OAB-MS).

A nossa caminhada, para a formação deste pensamento coletivo, começou mesmo antes da atual gestão, anos atrás e, neste particular, sempre buscamos despertar nos advogados o senso crítico de que faz quase uma década que a seccional adota o mesmo discurso, o de que não se pode enfrentar o poder para garantir o respeito às prerrogativas da instituição e isso se refletiu, tristemente, nos desagravos coletivos ultimamente realizados e no já mencionado enfraquecimento da própria OAB.

Buscamos, em nossas propostas, mostrar que a advocacia merece respeito em toda sua extensão; que o advogado, novo ou não, individual ou trabalhando em equipe, deve ser o foco e, principalmente, de que a sua valorização deve vir de cima, de uma gestão forte e que agora se apresenta para gerir a seccional com pulso e firmeza.

Nesse particular, como historicamente é aferível, há muito a seccional do Mato Grosso do Sul vem sendo gerida por uma metodologia de atuação equivocada, que parte da premissa de que o advogado não precisa de apoio institucional nas demandas cotidianas, restando pouca margem de diálogo e muita frustração represada. É uma visão que se distancia da profissão, pois o advogado encontra muita dificuldade, em especial, nos primeiros anos de advocacia.

A seccional do Mato Grosso do Sul adotou nesse período uma postura distante dos escuros corredores dos fóruns, investiu reformas de salas para apenas fixar placa de inauguração, e em festas e eventos pomposos; ou seja, percorreu um caminho ao inverso dos nossos anseios, enfraquecendo a imagem institucional e fortalecendo o culto à personalidade do atual mandatário, que agora tenta a reeleição para um terceiro mandato. A Ordem é dos Advogados; é para todos os advogados. É contra essa realidade, que monopoliza a instituição por muito tempo, que nos move a apresentar um projeto novo, ousado e democrático.

As propostas foram formatadas para a apresentação durante a campanha, porque é o momento de comparação e de análise. Neste particular, a receptividade tem sido muito elogiada e festejada, inclusive perante o eleitorado indeciso, cujo percentual ainda é elevado por conta do distanciamento da seccional dos advogados, distanciamento compreensível devido o abandono sentido na pele e por anos de atuação negligente na defesa das reais necessidades do advogado.

Quero dar voz e vez para o advogado e advogada, por isso criaremos um fórum permanente de discussão que se reunirá um dia antes das sessões do conselho seccional e trará as pautas prioritárias para este. No conselho seccional do Novo Advogado haverá especial destaque para a efetiva implantação e fiscalização do piso salarial e outras demandas de relevo e a formação de novas lideranças que um dia administrarão a nossa OAB-MS.

Em outras palavras, eu quero ser presidente da OAB-MS, porque estou pronta para enfrentar essas duras questões e cortar na carne o que for necessário para restaurar a força da instituição.

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    é advogada, sócia do escritório Magrini Neto Advogados, presidente da Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica seção MS

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