Opinião

Difamação: princípios da comunicação que causa danos à imagem e à reputação

Autor

  • Robert J. Fisher

    é presidente da Fisher & Associates Inc. e um veterano em comunicação com quase 50 anos de experiência em relações públicas marketing publicidade e jornalismo. Trabalhou como perito em favor de demandantes e demandados em 15 julgamentos de casos de difamação nos Estados Unidos.

24 de março de 2018, 8h16

Em uma definição simples, difamação é definida como “a ação de causar danos à boa reputação de alguém”. A difamação resulta de alguma forma de comunicação negativa, seja por escrito (libel) ou verbal (slander). A comunicação negativa é extremamente poderosa e, na maioria das vezes, difícil de contra-atacar e superar – principalmente por causa da natureza e da psicologia humana. Quando uma pessoa, empresa ou entidade é difamada, há fatores que entram no jogo e que, geralmente, são irreversíveis.

[Nota da redação: o artigo trata do conceito de “difamação” nos Estados Unidos. Lá, defamation designa todas as formas de “crime contra a honra” definidas na legislação brasileira (calúnia, injúria e difamação), com a diferença de que o sistema norte-americano não a trata como crime, mas como ilícito civil (tort), conforme o Dicionário de Direito, Economia e Contabilidade, de Marcílio Moreira de Castro.]

Para entender bem como a difamação impacta a imagem e a reputação da vítima, é importante conhecer alguns princípios norteadores da comunicação negativa:

  • Pode demorar anos para construir uma boa reputação, mas apenas segundos para destruí-la.
  • Não é possível desfazer um alerta. Uma vez que alguém absorve uma informação negativa, é muito difícil apagá-la de sua mente.
  • Onde há fogo, há fumaça. Quando se cria uma impressão negativa sobre alguém ou alguma coisa, muitas pessoas vão assumir que tem fundo de verdade, mesmo que a impressão se mostre falsa mais tarde. Uma vez que a “semente da dúvida” é plantada, a “entidade” em questão se torna um “bem danificado” e sujeita à suspeição. Você não pode apagar o quadro inteiramente.
  • “A percepção é mais importante do que a realidade e, frequentemente, dita a realidade”. Isso se torna verdadeiro, muitas vezes, especialmente se a percepção se relaciona a opiniões, impressões ou julgamentos que as pessoas fazem de alguém, de uma entidade ou assunto, em termos de como elas veem as coisas. Além disso, em termos de opinião pública, a percepção irá frequentemente obscurecer os fatos e criar uma impressão totalmente diferente.
  • As pessoas geralmente acreditam que alguma coisa é verdadeira se ela parece plausível e não há informação em contrário que refute ou desafie a informação negativa. Da mesma forma, frequentemente, mesmo que a informação verdadeira corrija a informação negativa, irá permanecer um elemento de dúvida. Se a pessoa aceitou a informação negativa, a nova informação será filtrada através da lente da informação negativa inicial e pode não haver uma página em branco para estabelecer a reconsideração.
  • Em uma situação em que alguém faz uma escolha, se houver informações positivas e negativas sobre uma situação em particular, muitos irão fazer uma abordagem conservadora (isto é, não correr riscos) e fazer uma outra escolha.
  • Informações negativas, quando espalhadas “boca a boca”, são particularmente prejudiciais, porque elas podem mudar ao serem transmitidas de uma pessoa para outra, serem mal interpretadas ou embelezadas. Mas isso irá, mais provavelmente, distorcê-las ou aumentar a negatividade em relação à mensagem original.
  • Quando a informação negativa é disseminada de maneira descontrolada, sem limites em termos de quem tem acesso a ela, é impossível assegurar que um contra-ataque atingirá a todos que receberam, originalmente, a mensagem negativa.
  • Similarmente, não há, normalmente, um fim da disseminação de informações negativas, em termos de tempo ou, muitas vezes de alcance (como pela Internet). Elas podem se espalhar indefinidamente e continuar a perseguir pessoas, empresas ou entidades até o final de suas carreiras ou de suas existências.
  • A difamação é particularmente nociva para profissionais. A imagem ou reputação de uma pessoa são, às vezes, mais importantes em um processo de seleção para emprego ou prestação de serviços, do que experiência, credenciais ou realizações. Muitos selecionam um profissional com base em seu caráter. Mal comportamento pessoal percebido pode pesar mais do que competência em um processo de seleção.

Esses pontos não englobam todo o escopo de princípios que geralmente regem as consequências negativas da difamação, mas representam uma visão geral do processo que resulta em danos graves para a vítima, em consequência da comunicação negativa. O fator preponderante é: uma vez que a difamação ocorre e afeta a imagem ou reputação de uma pessoa, nada pode restaurar completamente a verdade.

*Traduzido por João Ozorio de Melo, com permissão da organização The TASA Group, detentora dos direitos autorais.

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    é presidente da Fisher & Associates, Inc. e um veterano em comunicação, com quase 50 anos de experiência em relações públicas, marketing, publicidade e jornalismo. Trabalhou como perito em favor de demandantes e demandados em 15 julgamentos de casos de difamação nos Estados Unidos.

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