"Fantasmas da mente"

"Não tenho qualquer relação com João Doria", diz Sergio Moro ao negar suspeição

Autor

24 de maio de 2018, 21h02

O juiz federal Sérgio Moro negou novo pedido de suspeição ajuizado pela defesa do ex-presidente Lula. A solicitação para que o magistrado não julgasse os processos do ex-presidente foi apresentada após Moro ter participado de um evento da empresa Lide, fundada pelo ex-prefeito de São Paulo João Dória Jr. (PSDB), que estava no evento e foi fotografado ao lado de Moro.

Reprodução / Twitter João Doria
Doria em evento da Lide, que aconteceu nos Estados Unidos, em 15 de maio, com Sérgio Moro e as esposas Bia Dória e Rosângela Wolff Moro.
Reprodução/Twitter João Doria

Em sua decisão, o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba alegou que “pessoas tiram foto em eventos públicos” e comparou sua aparição ao lado de Doria às imagens que podem ser encontradas na internet nas quais o político aparece ao lado de Aécio Neves (PSDB-MG) e Geddel Vieira Lima (MDB-BA). “Não significa que, por conta da foto, eram ou se tornaram aliados políticos”, escreveu o juiz federal sobre fotos de Lula com o senador, ambos políticos.

“Não tem este julgador qualquer relação especial com João Doria Jr, nem agiu de qualquer forma para promovê-lo eleitoralmente. O nome dele não foi mencionado pelo julgador na palestra ou no discurso até para evitar confusões da espécie. Os eventos em questão não tiveram natureza político-partidária. Aliás, rigorosamente, sequer foi iniciado o período legal de campanha, tendo a própria Defesa do Excipiente denominado-o de pré-candidato”, disse Sérgio Moro ao rejeitar o pedido de suspeição e mandar os autos ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Os advogados de Lula também questionaram o evento ter sido apoiado pela Petrobras, empresa que é parte em casos julgados por Moro nas ações da “lava jato”, como assistente da acusação. Sobre a questão, o juiz afirmou que a companhia "participou na condição de maior empresa brasileira e com a intenção de demonstrar, aos seus investidores e acionistas, o apoio às investigações anticorrupção".

"Seria de fato melhor para qualquer juiz evitar fotos com quaisquer agentes políticos, independentemente de seu mérito, a fim de evitar interpretações equivocadas ou incidentes processuais infundados, mas, em eventos públicos ou sociais, fotografias podem ser tiradas", reclamou Moro. "Enfim, há aqui apenas fantasmas da mente, sem qualquer causa objetiva que justifique a alegação de suspeição ou impedimento." 

Clique aqui para ler o despacho de Moro. 

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!