Operação "apolítica"

Policiais federais lançam frente da "lava jato" para eleições ao Congresso

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21 de maio de 2018, 19h31

Com o objetivo de surfar na aprovação popular à operação “lava jato” por parte da sociedade, 26 integrantes da Polícia Federal usarão o famoso caso para concorrer a vagas no Congresso Nacional nas eleições deste ano. Eles integrarão uma aliança batizada oficialmente de Frente de Agentes da Polícia Federal — mas apelidada de Frente da “lava jato” —, que será lançada nesta terça-feira (22/5), em Brasília.

Lucio Bernardo Junior / Câmara dos Deputados
Eduardo Bolsonaro está entre os membros da nova frente, representando agentes da PF no Rio de Janeiro.
Lucio Bernardo Junior / Câmara dos Deputados

Agentes, escrivães e papiloscopistas serão candidatos ao Senado e à Câmara dos Deputados com o discurso focado no combate à corrupção e na tentativa de modernizar o modelo de segurança pública.

O presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal, Flávio Werneck – que concorrerá a deputado federal pelo PHS –, afirmou à ConJur que o lançamento da Frente da “lava jato” não contraria o discurso de que a operação é apolítica.

Segundo ele, essa e outras megaoperações estão sendo ameaçadas por projetos em discussão no Congresso, como o novo Código de Processo Penal. A proposta, de acordo com Werneck, acabaria com o poder de investigar do Ministério Público e com a autonomia das autoridades policiais. Ele afirma que a intenção dos agentes é formar uma frente de resistência a esses ataques.

A frente ressalta que nenhum candidato se candidatará por partidos envolvidos na “lava jato”, como PT, MDB e PP. Porém, haverá postulantes de legendas investigadas na operação, como PSDB e Pros.

Membros
Entre os integrantes da frente está o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Escrivão da PF, ele é defensor de se liberar o porte de armas e de reduzir a maioridade penal.

Outro candidato polêmico é o agente Danilo Balas. Em 2014, ele postou uma foto ao lado de um alvo com a caricatura da presidente Dilma Rousseff crivada de tiros na página do Facebook “Polícia Federal do Brasil”, conforme revelou a revista eletrônica Terra Magazine. Na legenda, escreveu “assim fica fácil treinar. rs”. O agente recebeu quatro dias de suspensão como punição.

Também está na lista o agente Rafael Ranalli, pré-candidato a deputado federal pelo Patriota em Mato Grosso. Ele já afirmou que “bandido bom é bandido morto e, de preferência, de pé para não ocupar espaço”.

Segundo a frente, todos os estados contarão com representantes da categoria. Somente o Rio Grande do Norte não definiu nenhum nome ainda.

O ceticismo dos brasileiros quanto aos efeitos da operação está crescendo, segundo o Datafolha. Em abril de 2017, 45% das pessoas acreditavam que a “lava jato” diminuiria os níveis de corrupção no país. Um ano depois, esse percentual caiu para 37%. 

*Texto alterado às 22h17 do dia 21/5/2018 para correção de informações.

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