Delação da delação

Após advogado ser denunciado, Cabral pede que doleiros voltem a ser interrogados

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1 de junho de 2018, 17h16

A defesa do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) pediu que os doleiros Renato e Marcelo Chebar, Vinicius Claret e Claudio de Souza voltem a ser interrogados no processo dos pagamentos de propinas pelo empresário Eike Batista. O documento protocolado na terça-feira (29/5) apontou as novas delações contra o advogado Antonio Figueiredo Basto, acusado de receber dinheiro para “controlar” os acordos premiados no âmbito da “lava jato”.

Antônio Cruz/ Agência Brasil
O ex-governador Sérgio Cabral, preso no presídio de Bangu no Rio de Janeiro, é réu em 23 ações e já foi condenado em cinco delas.Antônio Cruz/ Agência Brasil

O advogado teria sido pago por “interessados” com o objetivo de direcionar os acordos de delações no sentido de “proteger os seus patrocinadores”. O documento afirma que, entre 2005 e 2013, Antonio Basto recebeu dinheiro mensalmente de doleiros investigados “para garantir que não fossem citados por seus outros clientes (também delatores) ou alcançados pelas investigações policiais e ministeriais”.

Como o advogado delatado atuou na defesa dos irmãos Renato e Marcelo Chebar, que, segundo o pedido, “funcionaram como suporte da acusação não só do processo em questão como de vários outros ainda em tramitação nessa mesma 7ª Vara Federal”, a defesa de Cabral reclama a reabertura da fase de diligências para nova oitiva dos mencionados.

“Não se cuida de uma mera reavaliação dos requisitos dos termos de colaboração dos irmãos delatores ou do valor das suas palavras diante das recentes declarações dos seus ex-parceiros de ilícitos, mas, do enfrentamento de questões vitais para o julgamento da causa, mormente quanto à possibilidade de os Chebar terem participado do esquema de proteção a doleiros para omissão de informações e pessoas envolvidas em negociatas ainda sob apuração”, escreve o advogado do ex-governador do Rio de Janeiro, Rodrigo Roca.

Além de uma data para a reinquirição dos delatores no processo para que sejam esclarecidos os novos episódios narrados no documento, a defesa de Cabral também pede que as mídias e termos de colaboração de Vinicius Claret e Claudio de Souza sejam juntados aos autos.

Um século de prisão
As penas impostas a Cabral na operação "lava jato" chegaram a 100 anos e 8 meses de prisão. Quatro sentenças foram assinadas pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio. Na primeira, o emedebista foi condenado a 45 anos e 2 meses — a maior pena imposta em primeira instância em processo ligado à operação "lava jato" —; na segunda, recebeu penalidade de 13 anos; na terceira, pena de 15 anos; e na quarta, 13 anos e 4 meses.

Além disso, ele foi condenado a 14 anos e 2 meses de prisão pelo juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba – decisão que foi confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (PR, SC e RS). O ex-governador ainda é réu em outras 16 ações penais da "lava jato". 

Clique aqui para ler o pedido de reinquirição.

Processo 0501634-09.2017.4.02.5101

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