Luto na advocacia

Morre, aos 96 anos, o advogado e fundador do PT Hélio Bicudo

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31 de julho de 2018, 12h51

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Defensor dos direitos humanos, Hélio Bicudo morreu nesta terça, em São Paulo. Reprodução

Morreu nesta terça-feira (31/7), aos 96 anos, o advogado Hélio Bicudo. Professor de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e fundador do Partido dos Trabalhadores (PT) — onde ficou até 2005 —, Bicudo foi um dos autores do pedido que resultou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Nos anos 1970, quando era promotor, Bicudo enfrentou o chamado Esquadrão da Morte, organização paramilitar que agia em São Paulo, levando à condenação alguns de seus integrantes.

Como parlamentar, também contribuiu para a restruturação do Judiciário. A Emenda Constitucional 45 teve início com uma proposta apresentada por ele em 1992, com o objetivo de combater a lentidão, a ineficiência e a dificuldade de acesso à Justiça. Ele alegava que todas as instituições da República tinham sido objeto de atenção no “processo constituinte”, menos a Justiça. 

Durante sua trajetória, Bicudo chegou ao cargo de presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Também foi vice-prefeito de São Paulo entre 2001 e 2004, durante a gestão da petista Marta Suplicy.

O velório acontecerá às 17h na Funeral Home, em São Paulo (rua São Carlos do Pinhal, 376 – Bela Vista, São Paulo). O enterro está marcado para amanhã (1º/8), às 10h, e será reservado apenas para os familiares. 

Leia abaixo as homenagens ao jurista:

Marcelo Nobre, advogado e ex-conselheiro do CNJ
O conheci como amigo de meu pai na luta pela redemocratização de nossa pátria na década de 80 e posteriormente fui, apesar de muito novo, o seu chefe de gabinete durante todo o seu mandato como vice-prefeito de São Paulo. 

Sem dúvida, ele não passou nessa vida em vão. Enfrentou o esquadrão da morte quando promotor. Enfrentou os violadores dos direitos humanos. Cumpriu o seu compromisso como vice-prefeito, chegando inclusive a ser o responsável pela criação da comissão municipal de Direitos Humanos na cidade de São Paulo, sendo o seu primeiro presidente. No fim do mandato de vice-prefeito, deixou a vida pública! 

O Dr. Hélio teve uma longa, aguerrida e rica existência e nunca deixou de se posicionar politicamente, mesmo após deixar a vida pública, o que por várias vezes fez com que muitos amigos e alguns familiares divergissem de alguns de seus posicionamentos. 

O Brasil se despede de um filho que construiu muitas coisas boas, dentre elas o respeito aos direitos humanos e a busca incansável pela melhoria na qualidade de vida dos brasileiros mais necessitados.

Juliana Fincatti Moreira Santoro, advogada e ex-presidente da Comissão Justiça e Paz São Paulo
Hoje faleceu Helio Bicudo, jurista que foi exemplo de luta pioneira pelos Direitos Humanos. Na Comissão de Justiça e Paz São paulo personificou o combate às arbitrariedades da ditadura militar e sua destemida atuação trilhou várias fases da história política brasileira, com efetiva participação na redemocratização do Brasil. Deixa o legado de ativismo em prol da defesa da dignidade da pessoa humana e da justiça acima de tudo, seja qual for o cenário político.

Maristela Basso, advogada
"Um nobre de alma, espírito e intelecto. Em tempos obscuros e incertos, o Brasil perde um farol."

Nelson Wilians, advogado
"Uma grande perda para a nossa sociedade. Um homem que se preocupava não apenas com o Direito, mas com a aplicação da Justiça em primeiro lugar. Deixa um grande exemplo como advogado e cidadão." 

Marcos da Costa, presidente da OAB-SP
"Homem de coragem, de fortes convicções e que sempre se pautou pela ética na sua dedicada trajetória de busca pela boa administração da Justiça, sempre será uma referência para todos os que militam no sistema de Justiça."

Daniel Leon Bialski, advogado
"O Brasil perdeu um ícone que sempre na sua trajetória bradou em prol dos Direitos Humanos e da ordem, mas seu legado é perene."

João Paulo Martinelli, advogado
"Hélio Bicudo teve primordial importância na defesa dos direitos humanos, atuando na linha de frente como promotor de justiça, quando conseguiu a condenação de integrantes do Esquadrão da Morte, e como parlamentar foi fundamental para a implementação do primeiro Programa Nacional de Direitos Humanos."

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