Fake News

Às vésperas das eleições, Facebook tira do ar perfis que espalham "desinformação"

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25 de julho de 2018, 17h54

O Facebook tirou do ar nesta quarta-feira (25/7) 196 páginas e 87 perfis que, segundo a empresa, não atendiam aos princípios de identificação da plataforma. Muitas destas páginas eram ligadas ao grupo de militância política online Movimento Brasil Livre (MBL), que ganhou notoriedade ao mobilizar setores da sociedade em favor do impeachment de Dilma Rousseff.

A empresa não relaciona a medida à chegada das eleições gerais deste ano e nega que a ação tenha a ver com "fake news". Diz que os perfis violam suas políticas de uso, embora o comunicado (leia abaixo) fale expressamente que os grupos e seus perfis têm "o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação".

Também foi derrubada a página do Movimento Brasil 200, ligada ao ex-pré-candidato à Presidência Flávio Rocha (PRB), dono das lojas Riachuelo. O comunicado do Facebook não identifica quais perfis e páginas foram desativados, mas líderes dos dois movimentos confirmaram que foram atingidos. 

Segundo a rede social, as páginas e perfis faziam "parte de uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas no Facebook, e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação".

Outro lado
O MBL afirma que as páginas retiradas do ar somavam 500 mil seguidores e que seus administradores tinham informado endereço profissional e telefone pessoal. O movimento "acusa" o Facebook de ter viés ideológico e de censura contra páginas de direita.

Flávio Rocha também se manifestou: "É inaceitável a retirada da página do Brasil 200 do ar pelo Facebook. Uma violência! A que pretexto? Conclamo a bancada do Brasil 200 no Congresso Nacional a tomar posição sobre essa arbitrariedade. Nem no tempo da ditadura se verificava tamanho absurdo". 

MP envolvido 
O Ministério Público Federal em Goiás cobrou explicações do Facebook sobre a medida. O procurador da República Ailton Benedito deu 48 horas à plataforma para enviar uma relação com todas as páginas e perfis removidos e a justificativa para cada um deles. 

“As normas constitucionais e legais que regulam a internet no Brasil atuam sempre com vistas à liberdade de expressão, ao direito de acesso de todos à informação, ao conhecimento e à participação na vida cultural e na condução dos assuntos públicos”, disse ele, segundo a assessoria do órgão.

Leia abaixo a nota do Facebook:

"O Facebook dá voz a milhões de pessoas no Brasil, e queremos ter a certeza de que suas conversas acontecem em um ambiente autêntico e seguro. É por isso que nossas políticas dizem que as pessoas precisam usar suas identidades reais na plataforma.

Como parte de nossos esforços contínuos para evitar abusos e depois de uma rigorosa investigação, nós removemos uma rede com 196 Páginas e 87 Perfis no Brasil que violavam nossas políticas de autenticidade. Essas Páginas e Perfis faziam parte de uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas no Facebook, e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação.

As ações que estamos anunciando hoje fazem parte de nosso trabalho permanente para identificar e agir contra pessoas mal intencionadas que violam nossos Padrões da Comunidade. Nós estamos agindo apenas sobre as Páginas e os Perfis que violaram diretamente nossas políticas, mas continuaremos alertas para este e outros tipos de abuso, e removeremos quaisquer conteúdos adicionais que forem identificados por ferir as regras.

Nós não queremos este tipo de comportamento no Facebook, e estamos investindo fortemente em pessoas e tecnologia para remover conteúdo ruim de nossos serviços. Temos atualmente cerca de 15 mil pessoas trabalhando em segurança e revisão de conteúdo em todo o mundo, e chegaremos ao fim do ano com mais de 20 mil pessoas nesses times.

Contamos com as denúncias da nossa comunidade a respeito de conteúdos que possam violar nossas políticas e usamos tecnologia como machine learning e inteligência artificial para detectar comportamento ruim e agir mais rapidamente."

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