Extradição de acusada

"Ex-brasileira", Claudia Sobral tem fiança fixada em US$ 10 milhões nos EUA

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19 de janeiro de 2018, 17h05

Já de uniforme laranja, característico de prisioneiros nos Estados Unidos, Claudia Sobral foi levada na manhã desta sexta-feira (19/1) a um fórum no Condado de Trumbull, em Ohio. O juiz Andrew Logan fixou a fiança em US$ 10 milhões, a pedido dos promotores.

Conhecida pelos norte-americanos como Claudia Hoerig, seu nome de casada, ela foi extraditada pelo governo brasileiro na quarta-feira (17/1) depois de ser acusada de matar o marido, o oficial da Aeronáutica Karl Hoerig. 

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Claudia compareceu a audiência nesta sexta, em fórum de Ohio lotado por familiares e simpatizantes de ex-piloto.
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A extradição foi concretizada depois que a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal decretou a perda da nacionalidade brasileira. Por maioria, os ministros entenderam que o fato de Claudia ter jurado a bandeira dos Estados Unidos significou a renúncia à cidadania brasileira para se tornar cidadã norte-americana.

Ela foi indiciada por homicídio qualificado com arma de fogo, o que pode implicar agravamento da pena. Na audiência desta sexta, os defensores públicos David Rouzzo e Matthew Pentz, indicados para representar Claudia Sobral, disseram ao juiz que ela se declara “não culpada” (nos EUA, os réus declaram ou são declarados “culpados” ou “não culpados” – em vez de “culpados” ou “inocentes”).

Claudia terá de comparecer ao fórum novamente em 6 de fevereiro. O juiz disse, durante a audiência de sexta-feira, que quer resolver esse caso o mais rapidamente possível. O fórum estava lotado de parentes, amigos e simpatizantes da vítima do crime, o ex-piloto da Aeronáutica, segundo a emissora de TV local WKBN.

Claudia terá de enfrentar um julgamento sob alta carga emocional, porque Karls Hoerig era considerado um herói nacional, que cumpriu mais de 200 missões no Iraque e no Afeganistão – e com inúmeras outras qualidades que os promotores e testemunhas certamente irão apontar e que já foram exploradas pela imprensa.

Após o homicídio em 2007 e a ida de Claudia para o Brasil, foi criado um grupo chamado “Justiça para Karl”, que reuniu 3 mil membros. Parlamentares dos partidos republicano e democrata se somaram aos esforços para conseguir a extradição para os EUA.

Dez anos atrás
A “ex-brasileira” foi indiciada por homicídio qualificado por um júri do Condado de Trumbull em 24 de abril de 2007, depois que o marido foi encontrado morto na casa deles em Newton Falls, Ohio.

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Karl Hoerig, que foi assassinado, e Claudia.
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A Promotoria diz que, dias antes de sua morte, Karl havia dito a amigos que iria se separar de sua mulher. E acrescenta que Claudia limpou a conta bancária do casal antes de fugir para o Brasil.

Depois de ser extraditada pelo Brasil, na quarta-feira, Claudia foi levada para os EUA, em jato particular, por agentes da US Marshals Service. E foi levada diretamente para uma cadeia do Condado de Trumbull.

As autoridades americanas e o grupo de apoio à família da vítima celebraram o fato de o Brasil ter extraditado uma pessoa nascida no país pela primeira vez em sua história, segundo a CBS.

Segundo os advogados de Cláudia no Brasil, Floriano Dutra Neto e Adilson Macabu, a extradição foi feita de maneira precipitada, sem intimação da defesa e sem esperar a conclusão de discussões jurídicas pendentes no Supremo e no Superior Tribunal de Justiça.

Clique aqui para ver a audiência de Claudia Sobral.

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