Conluio eleitoral

Procurador americano denuncia russos por interferência na eleição de 2016

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16 de fevereiro de 2018, 18h27

O procurador especial Robert Mueller anunciou, nesta sexta-feira (16/2), que denunciou 13 cidadãos e três entidades da Rússia por conspiração para interferir criminalmente nas eleições presidenciais a favor do então candidato Donald Trump. Mueller foi encarregado pelo Departamento de Justiça para investigar suspeitas de conluio entre a campanha de Trump e o Kremlin.

A denúncia alega que alguns dos acusados se comunicaram com a campanha de Donald Trump. “Alguns dos acusados, posando como cidadãos dos EUA e sem revelar suas associações com instituições russas, se comunicaram com pessoas inadvertidas da campanha de Trump e com outros ativistas políticos para buscar coordenar atividades políticas, diz trecho do documento, segundo a imprensa local (The Washington Post, CNN e Politico).

Gage Skidmore
Denúncia por apoio irregular a Trump atinge 13 russos e três entidades, como a Agência de Pesquisa  da Internet.
Gage Skidmore

A acusação, com 37 páginas, alega que dois dos cidadãos russos denunciados viajaram em 2014 para os Estados Unidos, onde percorreram os estados de Nevada, Califórnia, Novo México, Colorado, Illinois, Michigan, Louisiana, Texas e Nova York “para coletar inteligência”, entre outras atividades.

Os membros do grupo também são acusados de terem posado como americanos em interações online com ativistas políticos e sociais. Em uma delas, destacada pela equipe de Mueller, eles se comunicaram com uma organização de base republicana, sediada no Texas, que os aconselhou a concentrar seus esforços nos estados “roxos”, como Colorado, Virgínia e Flórida. “Roxo” se refere ao equilíbrio das cores azul (democrata) e vermelha (republicana), nos estados em que não há domínio de nenhum dos dois partidos.

Na denúncia, o gabinete e Mueller também acusa os cidadãos russos de deletar e-mails, contas na mídia social e outras provas, quando a mídia começou a noticiar a interferência russa nas eleições de 2016.

A denúncia a um grand jury afirma que, de 2014 até hoje, os acusados conspiraram para influenciar o processo político e eleitoral dos EUA, danificando, obstruindo e malogrando as funções legais do governo. Durante a campanha, os russos atacaram a campanha da candidata democrata Hilary Clinton de diversas formas.

Conspirações
As acusações incluem conspiração contra os Estados Unidos e conspiração para cometer fraude por meios eletrônicos e fraude bancária, além de roubo de identidade qualificado.

O presidente tem negado conluio com os russos para favorecê-lo, mas membros de seu governo e da campanha eleitoral já admitiram envolvimento, em acordos de delação premiada com o procurador especial.

Uma das entidades denunciadas foi a Agência de Pesquisa da Internet, sediada em São Petersburgo. Segundo a denúncia, os especialistas da agência russa foram instruídos a usar todas as oportunidades para atacar todos os candidatos presidenciáveis, com exceção de Bernes Sanders (candidato democrata com tendências socialistas) e Donald Trump (o candidato republicano favorito do Kremlin).

Um dos russos denunciados foi Yevgeniy Viktorovich Prigozhin, que a imprensa russa identificou, há tempos, como o principal financiador da Agência de Pesquisa da Internet. Prigozhin, que opera no ramo de alimentos, é chamado pela imprensa russa de “chef de Putin”, por sua forte ligação com o presidente da Rússia.

As duas outras organizações denunciadas por Mueller são as empresas Concord Consulting e Concord Catering, que foram identificadas como “veículos de Prigozhin”.

A Agência de Pesquisa da Internet está no centro das investigações no Vale do Silício sobre a interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016. Facebook, Twitter, Instagram e Google encontraram evidências de que essa organização usou a mídia social para dividir os americanos em torno de questões polarizantes, como raça, religião, direitos à posse e porte de armas e imigração.

Postagens no Facebook e no Twitter, tornadas públicas como parte das investigações, mostraram que os esforços de desinformação dos russos buscavam favorecer o candidato republicano Donald Trump e minar o suporte à candidata democrata Hilary Clinton. Pesquisadores independentes confirmaram essa conclusão, segundo o Washington Post.

A direção do Facebook admitiu, em uma investigação do Congresso, que a Agência de Pesquisa da Internet comprou 3 mil anúncios em sua plataforma e atingiu 11,4 milhões de usuários. Os empregados da agência também fizeram anúncios gratuitos que atingiram 126 milhões de usuários. A agência também usou o Facebook para organizar 129 eventos no mundo real, que atraíram a atenção de 340 mil usuários da plataforma.

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