Conduta imprópria

Barroso intima Segóvia por opinião sobre inquérito de Michel Temer

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10 de fevereiro de 2018, 12h52

O diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, terá que explicar ao ministro Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, as declarações dadas à imprensa na qual afirmou que a tendência é que a PF recomende o arquivamento da investigação contra o presidente Michel Temer no chamado inquérito dos portos.

"Tal conduta, se confirmada, é manifestamente imprópria e pode, em tese, caracterizar infração administrativa e até mesmo penal", afirmou Barroso em despacho proferido neste sábado (10/2), no qual, de ofício, intima Segóvia para que confirme as declarações que foram publicadas e preste esclarecimentos.

Barroso é o relator do inquérito que apura suspeitas de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro na edição do Decreto dos Portos 9.048/17, que regulamentou a Lei 12.815/2013.

Nesta sexta-feira (9/2), a agência Reuters publicou uma reportagem na qual Segóvia afirma que a tendência é que a corporação recomende o arquivamento da investigação contra o presidente Michel Temer no chamado inquérito dos portos. Segundo ele, não foram encontradas provas nas investigações.

Além disso, o diretor-chefe afirmou que seria possível abrir investigação interna para apurar a conduta do delegado Cleyber Malta Lopes pelos questionamentos enviados a Temer no caso. Na ocasião, a defesa do presidente disse que as perguntas colocavam em dúvida a “honorabilidade e a dignidade pessoal” do presidente.

As declarações do diretor-chefe da PF geraram uma reação de entidades. A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) afirmou que, "independentemente da posição que ocupe na instituição, nenhum dirigente deve se manifestar sobre investigações em andamento. Seja para fazer observações sobre os elementos colhidos ou para antever conclusões, que são de atribuição exclusiva da autoridade policial que preside o inquérito policial".

Já o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Claudio Lamachia, classificou a atitude de Segóvia como temerária e afirmou que não é apropriado nem recomendável que o diretor-chefe da Polícia Federal dê opiniões a respeito de investigações em curso, sobretudo porque manteve recentemente reuniões com Michel Temer.

Clique aqui para ler o despacho de Barroso.
INQ 4.621

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