Corrida interrompida

Vice do Conselho Federal da OAB alega falta de apoio e desiste de disputar presidência

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2 de fevereiro de 2018, 18h24

Luis Cláudio da Silva Chaves, vice-presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, desistiu de disputar a presidência da maior entidade de classe do país. O motivo, segundo ele próprio, foi a falta de apoio do atual presidente, Cláudio Lamachia, à sua candidatura.

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Chaves diz lamentar que OAB tenha
aderido a um vale tudo das eleições gerais.
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“Sempre encontrei na minha terra (Minas Gerais) apoio maciço (só tenho que agradecer). No âmbito nacional, entretanto, não contei com apoios que para mim eram certos para pacificar uma candidatura de consenso, de união. A disputa se desenhou. Nosso Presidente Nacional optou pela neutralidade”, reclamou o advogado, em mensagem enviada aos conselheiros seccionais de Minas Gerais.

Em mensagem posterior, enviada para os membros do Conselho Federal, o trecho que critica a neutralidade de Lamachia foi suprimido.

O mineiro faz ainda duras críticas à disputa eleitoral na OAB, afirmando que a entidade deveria dar exemplo, mas aderiu ao “vale tudo das eleições nacionais em outubro”.

“Poderia ir para disputa […] Mas o momento, para mim, não é de dividir, pois nossa classe precisa de nós. Frustrado e triste, mas consciente da minha responsabilidade, resolvi não encabeçar lados”, diz.

Lamachia rebateu afirmando ser óbvio que, como presidente do colegiado, neste momento, não deve interferir na eleição a favor de determinado candidato. "Não trabalho com a ideia de catequismo ou de caciquismo, em que o presidente impõe um sucessor."

A saída de Chaves da corrida aumenta exponencialmente as chances de o atual presidente da OAB do Rio de Janeiro, Felipe Santa Cruz, assumir a presidência nacional da entidade.

Leia a nota enviada por Luis Cláudio da Silva Chaves aos conselheiros de MG:

Colegas,

Vivemos um momento difícil. Estamos na crítica fase do desencontro, da intolerância, do ódio. Assim caminha o vale tudo das eleições nacionais em outubro. A OAB, entendo, deveria dar o exemplo nas suas disputas internas. Entrei na Ordem para somar e multiplicar. Ao lado de valorosos advogados e advogadas assim fiz em Minas Gerais.

Chegamos ao Conselho Federal com o mesmo propósito e determinação. Procurei ser leal com meus pares, íntegro nos meus passos e agregador. Batalhei, batalho e batalharei sempre pela advocacia, em qualquer posto e independente de cargos. Fui, com muita honra (mas despido de orgulho), cotado por muitos colegas para a sucessão presidencial da OAB. Me coloquei, com lealdade e respeito como Pré-candidato, com a intenção de servir minha Classe.

Sempre encontrei na minha terra (Minas Gerais) apoio maciço (só tenho que agradecer). No âmbito nacional, entretanto, não contei com apoios que para mim eram certos para pacificar uma candidatura de consenso, de união. A disputa se desenhou. Nosso Presidente Nacional optou pela neutralidade.

Poderia ir para disputa, mesmo porque são elas salutares e democráticas. Mas o momento, para mim, não é de dividir, pois nossa classe precisa de nós. Frustrado e triste, mas consciente da minha responsabilidade, resolvi não encabeçar lados em disputa porque não quero ser um dos protagonistas da guerra que se avizinha nas eleições da OAB. Já temos adversários demais nas violações ao estado democrático de direito.

Quero exercer na PLENITUDE, se Deus quiser, o meu mandato de Conselheiro Federal e de Vice-Presidente da OAB até 31.01.2019, me colocando SEMPRE à serviço da advocacia e da cidadania."

Leia a nota enviada por Claudio Lamachia:

A pessoa que assumir a presidência da OAB será uma advogada ou advogado, portanto aliado. O vice-presidente Luis Claudio Chaves é um grande dirigente de Ordem e tem todas as condições de assumir a presidência da instituição.

Obviamente, como presidente nacional da OAB, neste momento, não devo influir na eleição, em favor de determinado candidato, mas sim atuar pensando na instituição. O colégio eleitoral é composto pelas 27 seccionais. Não trabalho com a ideia de catequismo ou de caciquismo, em que o presidente impõe um sucessor.

O processo tem que ser democrático e a escolha fruto do desejo da advocacia brasileira. A OAB não pode cometer os mesmos erros de procedimento que ela tanto tem criticado. A OAB tem de praticar aquilo que ela defende para o Brasil."

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