Mensagem "infeliz"

Advogado preso por destruir prova se irritou por perder cliente, diz defesa

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11 de dezembro de 2018, 15h25

Preso preventivamente nesta segunda-feira (10/12) sob a acusação de “atrapalhar as investigações”, o advogado Tony Lo Bianco apenas foi infeliz ao expressar sua revolta por ter perdido o contrato que tinha com a empresa Kyocera, afirma sua defesa. De acordo com o despacho de prisão, ele orientou um empresário a mudar um documento de lugar.

A Kyocera é uma das integrantes do consórcio que venceu a licitação para as obras de iluminação do Arco Metropolitano, no Rio de Janeiro, orçada em mais de R$ 96 milhões. Durante o cumprimento dos mandados da operação boca de lobo, que prendeu o governador Luiz Fernando Pezão (MDB), a Polícia Federal grampeou uma ligação de Lo Bianco para o empresário César Amorim, também preso.

Na chamada, que caiu na caixa postal, o advogado diz que a operação “vai complicar o Arco Metropolitano”. A Procuradoria-Geral da República afirmou, a partir disso, que “verifica-se, assim, um quadro de intrincadas relações envolvendo membros da Orcrim [organização criminosa] e, pior, com a destruição de provas a demonstrar a necessidade da custódia cautelar”. O ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, autorizou a medida.

A defesa de Tony Lo Bianco, comandada pelo advogado Carlo Luchione, disse à ConJur que o investigado “foi infeliz em um momento de revolta por ter seu contrato rescindido com a empresa Kyocera” e acabou enviando a mensagem a César Amorim. No entanto, Luchione apontou que seu cliente sabia que o empresário já tinha sido preso, e seu telefone, apreendido pela PF.

“Logo, nunca poderia referida mensagem se prestar a qualquer fim criminoso, pela absoluta propriedade do meio utilizado, qual seja, mensagem para o telefone apreendido cujo proprietário encontrava-se preso”, argumentou o criminalista. Ele ainda ressaltou que Lo Bianco nunca foi advogado de Amorim nem tem “qualquer relacionamento” com o empresário.

Ligação perdida
Por sua vez, o advogado de César Amorim, Fernando Augusto Fernandes, lembrou que a própria PGR informou que seu cliente não recebeu o telefonema. Como ele já estava preso, Tony Lo Bianco somente deixou um recado em sua secretária eletrônica.

Lo Bianco não representa Amorim, e este jamais agiu ou teria agido sob orientação daquele advogado, destacou Fernando Fernandes. O criminalista ainda declarou que o empresário está colaborando com as investigações. Tanto que entregou às autoridades um pen drive com todo material instalado na casa de Pezão e confirmou o recebimento pelo serviço. Da mesma forma, permitiu que a PF entrasse em um endereço que não constava no mandado de prisão.

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