Presidência complicada

Ex-advogado de Trump busca acordo de delação premiada contra o presidente

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23 de agosto de 2018, 11h11

Depois de fazer um acordo de confissão de culpa com procuradores de Nova York, na tarde de terça-feira (21/8), em que aceita acusações de oito crimes federais para evitar julgamento e garantir redução de penas, Michael Cohen, ex-advogado do presidente Donald Trump, busca um acordo de delação premiada contra o presidente, para amenizar ainda mais sua situação.

Michael Vadon
Donald Trump demitiu advogado depois que este começou a ser investigado por autoridades federais.
Michael Vadon

Na noite da mesma terça-feira, o advogado de Cohen, Lanny Davis, anunciou em entrevista ao canal de TV MSNBC que seu cliente está disposto a dizer tudo o que sabe ao procurador especial Robert Mueller, que investiga um suposto conluio da campanha de Trump com a Rússia, para interferir nas eleições presidenciais de 2016 e favorecer o então candidato republicano.

“Meu cliente está disposto a dizer ao procurador especial tudo o que sabe, não apenas sobre a óbvia possibilidade de conspiração para fazer conluio [com a Rússia] e corromper o sistema democrático americano na eleição de 2016, mas também sobre o crime de hacking de computadores [do comitê do partido democrata] e sobre se Trump sabia com antecedência do crime e até mesmo o estimulou”, disse Davis à MSNBC.

Ainda segundo Davis, Cohen obedeceu a ordens do então candidato quando subornou duas mulheres que denunciaram affairs com Trump — quando ele já era casado com a primeira-dama, Melania Trump — para impedi-las de vir a público durante a campanha eleitoral. Os pagamentos foram feitos à ex-modelo da Playboy Karen McDougal e à atriz de filmes pornográficos Stormy Daniels, cujo verdadeiro nome é Stephanie Clifford.

O que Cohen poderá testemunhar é se esses pagamentos foram feitos com fundos de campanha, como se supõe — ou do bolso do candidato. Se o pagamento tiver sido feito com fundos de campanha, ambos estarão envolvidos em crime federal. Na época, Cohen era vice-presidente de finanças do comitê eleitoral de Trump.

Ao juiz federal que fez a audiência na terça-feira para autorizar o acordo de confissão de culpa, Cohen disse que sabia que os pagamentos às denunciantes eram ilegais. Nessa audiência, o juiz fixou uma fiança de US$ 500 mil para Cohen aguardar em liberdade o proferimento da sentença, que foi marcado para 12 de dezembro.

Além da acusação de pagamentos com fundos de campanha, Cohen também aceitou cinco acusações de sonegação fiscal, uma acusação de fazer declarações falsas a uma instituição financeira e uma acusação de fazer contribuição corporativa ilegal à campanha de Trump.

Em outro anúncio surpreendente da terça-feira, o advogado Lanny Davis declarou que seu cliente não aceitará o perdão do presidente Trump após ser condenado. O presidente havia declarado que poderia perdoar Michael Cohen, mas ele teria dito que não quer o perdão de um presidente corrupto e perigoso.

Essa foi uma reviravolta no relacionamento de Cohen com Trump. Há algum tempo, ele declarou que levaria um tiro por Trump. Cohen era advogado do presidente desde 2006, até que foi despedido em maio deste ano, um mês após autoridades federais começarem a investigá-lo.

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