Imigração venezuelana

Crise em Roraima se agrava por "inoperância de autoridades", diz presidente da OAB

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19 de agosto de 2018, 18h22

O presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Claudio Lamachia, cobrou, por meio de nota, ação do governo federal quanto à crise migratória na fronteira da Venezuela com Roraima. Ele classificou as autoridades de inoperantes, sendo essa ausência de atuação mais atenta uma das razões pelo agravamento da questão que, de acordo com ele, além de ser humanitária, passa a ser de segurança.

Lamachia divulgou pronunciamento depois que cerca de 2 mil brasileiros que vivem em Pacaraima, na fronteira, atacaram, queimando e destruindo, barracas e pertences de venezuelanos neste sábado (18/8). Os manifestantes obrigaram os estrangeiros a cruzarem a fronteira de volta para o país de origem. Foi feita uma barricada para impedir que venezuelanos retornem para Pacaraima.

"Cabe ao governo federal uma atuação urgente antes que uma tragédia aconteça. Está claro que o problema vem se agravando pela inoperância das autoridades ao longo desse episódio. O que era uma questão humanitária agora tem forte conotação de segurança. Os Estados precisam se organizar para receber os venezuelanos e dar um exemplo ao mundo de democracia e solidariedade,", disse o presidente da OAB.

Para ele, o episódio de violência de sábado expõe de forma clara o drama humanitário que abate os vizinhos. "Nesta semana, estive em Boa Vista, capital de Roraima, onde pude presenciar as dificuldades enfrentadas tanto por imigrantes quanto pela população das cidades que hoje são a porta de entrada dos que buscam uma condição melhor para sobreviver", afirmou.

O presidente da OAB, em visita ao estado, esteve com a governadora Suely Campos (PP) e com a presidente do Tribunal de Justiça de Roraima. "As autoridades têm de ter uma visão direcionada a esse tema", disse, afirmando também que é preciso ter solidariedade federativa no país e tomar o cuidado para não tornar a crise um conflito social entre brasileiros e venezuelanos.

"É sabido que o Estado de Roraima não tem condições de abrigar todos os imigrantes. Ao longo dos últimos três anos, o Estado recebeu mais de 50 mil imigrantes. Calcula-se que, atualmente, cerca de 800 imigrantes venezuelanos ingressem diariamente, causando sobrecarga aos hospitais, tornando ainda mais vulnerável todo o sistema de saúde, além de reflexos no número insuficiente de vagas em escolas e o aumento da criminalidade", destacou Lamachia.

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